Para sindicalistas, pesquisa sobre ataques a banco abre ‘caixa-preta’

Porta de agência bancária de São Paulo atacada por assaltantes (Foto: Seeb/SP) São Paulo –  A divulgação de números sobre a violência em ataques a bancos no primeiro semestre deste […]

Porta de agência bancária de São Paulo atacada por assaltantes (Foto: Seeb/SP)

São Paulo –  A divulgação de números sobre a violência em ataques a bancos no primeiro semestre deste ano abre uma “caixa preta”, segundo Ademir Wiederkehr, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). O objetivo da pesquisa é garantir que a segurança seja discutida amplamente e com maior atenção da parte das instituições financeiras (clique aqui para ler a pesquisa na íntegra).

Segundo o estudo, foram registrados 838 ataques. São Paulo é o estado com maior número de casos, com 283 ocorrências. Em segundo lugar aparece a Bahia, com 61, seguida do Paraná, com 56, e a Paraíba, com 54. O Amazonas foi o único estado que não apresentou nenhum registro.

Ademir destaca que bancos somados alcançaram, no primeiro trimestre deste ano, lucro de R$ 12 bilhões. Apesar disso, as empresas entendem que segurança é investimento. “Eles têm muita gordura para investir, mas ainda tratam como despesas”, lamenta.

Para o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares, essa realidade só será transformada quando os bancos mudarem seu posicionamento em relação a tais investimentos. “Os bancos precisam destinar mais recursos de seus lucros astronômicos para a instalação de equipamentos para evitar ações de quadrilhas, que estão cada vez mais ousadas, aparelhadas e explosivas”, enfatiza.

Em nota, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) destacou que os bancos investem anualmente R$ 9,4 bilhões tanto em sistemas de segurança física, quanto em segurança eletrônica, com o objetivo de garantir a integridade de clientes e trabalhadores. O texto ressalta que todo o investimento é feito para seguir, rigorosamente, as leis sobre o tema.

Bancarização precária

Para Daniel Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, os casos de violência e mortes que foram registrados no primeiro semestre deste ano são resultado da bancarização desenfreada do sistema financeiro, no ímpeto de ampliar seus ganhos. Na maioria das vezes em locais inapropriados, sem a segurança devida, como postos de gasolinas, farmácias e mercadinhos de bairro.

“Se por um lado o serviço é muito bom para a população, por outro o banco não garante a segurança do local. Deixando tanto o usuário quanto o proprietário (do estabelecimento comercial com caixa eletrônico ou com serviços bancários) sem qualquer tipo de proteção”, destaca Reis.

A solução, segundo o dirigente sindical, seria a instalação de agências bancárias – devidamente equipadas – mais próximas da população, em bairros da periferia, por exemplo. E garantir um acesso melhor dos atendimentos ao público.

Outra reivindicação das entidades  juntos aos bancos refere-se à isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED e ordens de pagamento) como forma de desestimular os saques. Muitos clientes optam por manusear o dinheiro para evitar taxas cobradas de outras operações. “Com isso, a frequência com que os clientes viram alvos de assaltantes seria reduzida; é uma forma de combater o famoso assalto da ‘saidinha’ do banco”, sugere Ademir.

Mais dados

Coordenador o Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir salienta que a pesquisa deve passar a ser realizada semestralmente. A intenção é torná-la uma importante ferramenta para cobrar medidas mais eficientes dos bancos e de órgãos de segurança pública.

“Esse trabalho só foi possível graças aos dados divulgados pela imprensa e pelos sindicatos regionais. Os números das secretarias de segurança nos estados são precários e insuficientes”, alerta o sindicalista. Por isso, os coordenadores da pesquisa ressaltam que podem as ocorrências poderiam ser ainda maiores, devido a essa dificuldade em encontrar dados precisos e oficiais.