Reforma tributária reduz desigualdades, diz Pochmann

Segundo ele, o próximo desafio na luta contra a desigualdade é observar a transição demográfica

Pochmann participou do 2º Congresso Nacional da UGT (Foto: Elza Fiúza/Abr)

São Paulo – O atraso nas reformas dos principais setores do Estado foi criticado pelo economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ele credita às injustiças do sistema tributário a desigualdade social ainda presente no país.

As declarações foram feitas nesta sexta-feira (15), durante o 2º Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), que discute questões relacionadas à justiça social. “O país segue fazendo com que somente os pobres paguem os impostos. Rico não. Isso impede bastante o crescimento de um Brasil menos desigual”, pontuou. “Pessoas que moram em mansões acabam pagando menos impostos que aquele que mora nas favelas e bairros.”

Diferentes estudos do Ipea foram publicados com conclusões nesse sentido. Em maio, pesquisa realizada pelo instituto indicou que as camadas mais pobres tem sua renda proporcionalmente mais atingida por tributos que incidem sobre o consumo. É o caso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por exemplo. Até 30% da renda dessa camada é comprometida por esse tipo de tarifa. Os 10% mais ricos têm 12% de tudo o que ganham comprometidos com contribuições e impostos.

O presidente do Ipea alertou ainda para a transição demográfica pela qual o país vem passando,  fenômeno que deve ser levado em conta quando se pensa em políticas voltadas à distribuição de renda. “Daqui a três décadas, o Brasil terá sofrido muitas mudanças em relação à população, haja vista que as taxas de natalidade estão diminuindo e as pessoas estão vivendo mais”, disse o economista, observando também que as famílias tendem a ser cada vez mais “monoparentais” (filhos que vivem somente com mãe ou pai).

Pochmann defendeu também a necessidade da redução da jornada de trabalho, uma das maiores reivindicações dos sindicalistas. “O aumento da jornada piora a vida dos trabalhadores. Não há espaço no tempo deles nem para a conversa entre companheiros porque o trabalho toma um tempo enorme da vida desse indivíduo”, reforçou. “Se há mais trabalho, há mais riqueza, e ela não está indo para os trabalhadores”.

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