Metalúrgicos da CUT entregam pauta à Fiesp e dão largada na campanha salarial

A categoria promete intensificar pressão para conquistar aumento real

Aumento real, licença-maternidade de 180 dias e organização no local de trabalho são algumas das reivindicações (Foto: Letícia Cruz/RBA)

São Paulo –  Os metalúrgicos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado de São Paulo deram nesta quinta-feira (21) a largada na campanha salarial. São 250 mil trabalhadores, com data-base em 1º de setembro. Representantes dos 14 sindicatos filiados à Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos (FEM-CUT) entregaram a pauta de reivindicações aos grupos patronais da indústria. A categoria marcou a ocasião com um ato em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na região central.

Estiveram presentes metalúrgicos de Taubaté, Sorocaba, Cajamar, Monte Santo, Salto, Itaquaquecetuba, São Carlos, Matão e do ABC. O presidente da FEM-CUT, Valmir Marques, o Biro Biro, ressaltou a importância da união das entidades na campanha salarial. “A campanha deste ano tende a ser muito difícil, pelas reivindicações que iremos apresentar. Mas não podemos esmorecer em momento algum”, disse.

Principais reivindicações dos metalúrgicos da CUT  

  • Reposição integral da inflação
  • Aumento real no salário
  • Valorização nos pisos salariais
  • Licença-maternidade de 180 dias
  • Ampliação nos direitos sociais
  • Organização no local de trabalho
  • Jornada de 40 horas semanais, sem redução no salário

O dirigente considerou fundamental a intensificação da luta pela licença-maternidade de 180 dias, redução de jornada de trabalho para 40 horas semanais e a amplicação da organização no local de trabalho, itens da pauta. “Com a capacidade de luta que temos, não podemos ficar para trás. Que esta campanhha salarial sirva de referência também às outras categorias e que possamos sair daqui fortalecidos”, pontuou Biro Biro.

Questão essencial para os trabalhadores, o aumento real foi lembrado pelo presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos Lima. “Será que vamos baixar a cabeça e aceitar somente a inflação?”, indagou o sindicalista. Ele relembrou a polêmica criada por economistas ligados ao mercado financeiro e por setores da imprensa – com ecos até no Banco Central – de que aumento salarial faria crescer a inflação. Os metalúrgicos pedem reposição da inflação e aumento real – os percentuais devem ser definido por grupo de negociação.

A FEM negocia com diferentes bancadas patronais, divididas nos seguintes setores:  

  • Montadoras (ABC, Taubaté e São Carlos)
  • Fundição e Estamparia
  • Grupo 2 (máquinas e eletrônicos)
  • Grupo 3 (autopeças, forjaria, parafusos)
  • Grupo 8 (trefilação, laminação de metais ferrosos; refrigeração, equipamentos ferroviários, rodoviários entre outros)
  • Grupo 9 (antigo G10 – reúne os sindicatos patronais dos setores de lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação  e material bélico, entre outros).

Para Adi, os metalúrgicos devem servir de espelho para outras categorias, como bancários, petroleiros e químicos, cuja data-base também ocorre no segundo semestre. Para os sindicalistas, considerando o crescimento econômico no país, a resistência a conceder reajuste faz parte da “choradeira patronal”.

Adi pontuou também o problema de uma possível “desindustrialização” – apontada pelos sindicalistas durante seminário sobre crescimento e qualidade de emprego – que pode acontecer decorrente às maciças importações.

“É fundamental que tenhamos o aumento do emprego. Mas precisamos também olhar a questão da qualidade deles”, destacou. A posição das entidades é de inserir o tema em mesas de negociação. No início do mês, a sindicatos ligados à CUT e à Força Sindical reuniram, segundo as entidades, 30 mil metalúrgicos em ato narRodovia Anchieta, na divisa entre São Paulo e São Bernardo do Campo, contra as importações.

Organização no trabalho

Nesta quinta-feira, completam-se 30 anos da criação da primeira comissão de fábrica na base dos metalúrgicos, a da Ford. Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, comemorou a data. “Esta conquista não é só dos trabalhadores da Ford, porque a partir da experiência de quando os metalúrgicos de lá entraram em processo de negociação sobre o futuro nas montadoras, outras fábricas começaram a aderir”, lembrou.

“É a ousadia da categoria na luta da transformação sindical, uma das propostas da CUT”, disse Nobre. Ele ressaltou a importância da conquista já que, para ele, “alguém tem de dialogar”. “Tem gente com a cabeça pequena em alguns setores do empresariado que acha que trabalhador não tem o direito de falar sobre seu serviço”, completou. A ampliação e regulamentação dos Comitês Sindicais nas Empresas (CSEs), modalidade adotada no ABC e em Taubaté, está incluída entre os itens da pauta.

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