Manifestação por emprego na indústria deve parar Anchieta na manhã de 6ª

Rodovia será interrompida na divisa entre São Paulo e São Bernardo do Campo

São Paulo – Uma manifestação nesta sexta-feira (8) na divisa entre São Bernardo do Campo e São Paulo pede a defesa do emprego na indústria brasileira. O ato, promovido pelo sindicatos dos Metalúrgicos do ABC (CUT) e de São Paulo (Força Sindical) deve começar por volta das 6h em São Bernardo e das 7h na capital paulista.

Do lado do ABC, trabalhadores da Mercedes-Benz saem da fábrica às 7h45, encontram-se com funcionários da Mahle e, depois, com os da Ford. De lá, rumam para o quilômetro 12,5 da rodovia Anchieta, na divisa entre os dois municípios. Também devem participar funcionários da empresa de autopeças Rassini, que fica na própria Anchieta.

O sindicato de São Paulo fez, nesta quinta (7), manifestações em fábricas nas zonas sul e leste, com aproximadamente mil trabalhadores, como preparação para o ato na Anchieta. O presidente da entidade, Miguel Torres, lembrou que essas atividades surgiram como desdobramento de seminário feito no final de maio em conjunto com o sindicato do ABC, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Queremos barrar o acelerado processo de desindustrialização, provocado pela invasão de produtos importados, e exigir ações do governo para preservar os empregos de qualidade no Brasil”, afirmou Torres.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres, observa que há uma agenda comum ligando os sindicatos da categoria. A pauta inclui fortalecimento da negociação coletiva, estímulo à inovação tecnológica, ampliação de vagas para o ensino técnico e tecnológico nas instituições federais e redução da taxa básica de juros. A desconfiança em relação à China é outro fator de consenso. “A nossa  disputa não é de centrais, é de agenda”, afirma.

Recentemente, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, divulgou projeções da entidades para mostrar que as importações impediram a criação de 103 mil empregos na cadeia produtiva do setor automobilístico em 2010. “A importação é igual a uma lagarta que come a nossa horta”, comparou. Segundo o Sindipeças – sindicato nacional da indústria de autopeças –, nos primeiros cinco meses do ano o déficit comercial do setor atingiu US$ 1,82 bilhão, crescimento de 14,7% ante igual período de 2010.

Cayres acrescentou que outro objetivo é buscar um acordo coletivo nacional dos metalúrgicos, como já ocorre entre os bancários. “A CNM caminha para construir pontos de seu acordo nacional”, afirma, destacando a importância de se garantir uma distribuição de renda mais justa. Um exemplo ocorreu na Ford, empresa na qual o valor da participação nos lucros ou resultados (PLR) foi o mesmo este ano tanto na fábrica de São Bernardo como na de Camaçari (BA). Antes, o prêmio era bem maior no ABC.