Ato da CUT anuncia agenda e pressiona governo e empresas

Evento compõe Dia Nacional de Mobilização, abre as campanhas salariais de diversas categorias e reforça reivindicações dos trabalhadores

Trabalhadores lotam em ato na Praça da Sé por mais empregos, ganho real, redução da jornada máxima de trabalho, entre outros itens (Foto: Jailton Garcia)

São Paulo – Trabalhadores de diversas regiões do estado de São Paulo se reuniram na manhã desta quarta-feira (6) em ato na Praça da Sé, na capital paulista, para mobilização por mais empregos, ganho real, redução da jornada máxima de trabalho para 40 horas semanais, entre outros itens. A manifestação faz parte das atividades que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promove para marcar o Dia Nacional de Mobilização, em diversas cidades do país. Segundo a CUT, cerca de 10 mil pessoas participaram do ato, seguido de passeata até a Praça do Patriarca, também no centro da cidade. Para a Polícia Militar, foram 1.500 participantes.

O atual impasse das negociações entre os servidores públicos do município de São Paulo e a prefeitura foi lembrado por João Batista Gomes, secretário de Políticas Sociais da CUT de São Paulo. “Um governo que ataca ferozmente o serviço público não merece os funcionários que tem. Não é para parecer engraçado, mas a verdade é que concederam 0,01% de reajuste aos servidores, enquanto dá 250% aos secretários”, disse o ativista, em referência ao recente aumento aprovado pela Câmara Municipal ao prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM, rumo ao PSD) e aos secretários municipais.

Edinho Silva, deputado estadual e presidente do PT paulista, reforçou o papel da mobilização social após o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Sabemos que o governo Lula realizou um grande sonho para os trabalhadores, que é ter uma porta de entrada para o diálogo com nossos líderes. Mas também sabemos que os movimentos sociais têm de construir sua agenda e pautar o governo”, pontuou. “O governo tem de fazer sua parte, assim como os trabalhadores.”

Se por um lado o número de vagas de emprego aumentou nos últimos anos, por outro a formalização do trabalho ainda não é satisfatória na visão do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre. “Desde os anos 1940 existe a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas em pleno 2011 uma boa parcela ainda não tem seguridade social e muitas vezes, nem condições de trabalho”, alertou. O dirigente convocou a categoria para nova mobilização na próxima sexta-feira (8) na via Anchieta, contra a ameaça de desindustrialização e a crescente importação de autopeças.

A lista de presentes ao evento inclui diversos sindicatos: Químicos de São Paulo; Bancários de São Paulo, Osasco e Região; Bancários de Piracicaba; Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia); Metalúrgicos do ABC, Metalúrgicos de Taubaté; Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP); Enfermeiros do Estado de São Paulo; e Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), entre outros.

Projetos no Congresso

O deputado federal e ex-presidente da CUT Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), avalia que é importante que os trabalhadores saibam sobre a situação das pautas reivindicadas no Congresso Nacional (“burguês”, na definição do parlamentar). Uma das iniciativas problemáticas, segundo ele, é a regulamentação da terceirização. “Tem deputado que saiu nas ruas dizendo que era da classe trabalhadora e, até agora, não votou projeto a favor dos trabalhadores”, criticou Vicentinho, cuja trajetória política iniciou-se no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Vicentinho fez alertas ao projeto do deputado federal – e empresário do setor alimentício – Sandro Mabel (PR-GO) sobre terceirização. Se aprovado, o texto permitiria às empresas contratar prestadoras de serviço para executar toda e qualquer fases de produção, inclusive as atividades-fim. “Com isso, seria possível que operador de máquina fosse terceirizado. A classe trabalhadora precisa ser a protagonista das decisões do Congresso”, finalizou.

Paralisação no Itaú

Cerca de 12 mil bancários realizaram uma paralisação de três horas, no início da manhã, em protesto pelo clima de incerteza e as demissões decorrentes da fusão dos bancos Itaú e Unibanco. As atividades foram realizadas nas chamadas concentrações do Centro Empresarial Itaú Conceição (Ceic), no bairro paulistano do Jabaquara, na zona sul, e na Praça do Patriarca.

Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, o objetivo é pressionar as instituições financeiras a realocarem os funcionários dispensados no processo de reestruturação. “Nós começamos o dia nos mobilizando e, com isso, já conseguimos agendar uma reunião com representantes do Itaú para discutir esses pontos”, destacou.

Vicentinho demonstrou apoio à causa dos bancários. “Eles estão corretíssimos. O que está em jogo é o emprego deles, e a qualidade de vida de cada servidor e profissional bancário. Não podemos permitir que esta fusão traga facilidade para o lucro e prejuízo para a sociedade e trabalhadores.”