Congresso expõe racha na CGTB

Atual presidente informa ter sido reeleito, enquanto outro bloco contesta e prepara votação

São Paulo – O 6º Congresso Nacional da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) dividiu-se entre dois blocos, o que pode apontar uma disputa jurídica nos próximos dias. Divergências internas levaram à realização de encontros paralelos. Nesta sexta-feira (8), a assessoria do atual presidente, Antônio Neto, confirmou que o congresso foi realizado e reelegeu o dirigente. Mas o 1º vice-presidente da entidade, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, informou que o congresso ainda está sendo realizado – no Moinho Santo Antônio, em São Paulo – e termina neste sábado (9), com a eleição de nova diretoria. “Eles (referindo-se ao grupo de Neto) fizeram um convescote, um congresso de bolso”, afirmou, considerando “completamente ilegal” o encontro promovido pelo atual presidente.

A origem da divergência estaria relacionada ao fim do que Neto, em seu blog, chamou de cláusulas de barreira, um item do estatuto sobre contribuição de entidades filiadas à central. Para ele, isso impedia a participação de sindicatos ao congresso. Reunião da direção nacional, na última sexta (1º), aprovou por 22 votos a 18 uma resolução para recuperar o regimento interno do congresso anterior. Posteriormente, a resolução foi contestada judicialmente.

“Esta reunião foi convocada para restabelecer a democracia que sempre imperou em nossos Congressos”, escreveu Neto. “Diante disso, fica livre a participação dos sindicatos e sem a barreira imposta por uma corrente interna da central, que tentou condicionar a participação dos sindicatos ao pagamento extra de 2% sobre a renda da entidade para a central e à cobrança da taxa de R$ 200,00 por delegado”, acrescentou o dirigente.

Para Bira, houve uma tentativa de golpe na central, com cinco diretores tentando “tomar de assalto” a entidade. Assim, alegando deliberação do conselho nacional da CGTB, que determinou abertura do congresso às 18h da quinta-feira (7), ele instalou o evento, diante da ausência do presidente. “É preciso decidir entre uma central de luta ou de acomodação”, afirmou o dirigente, que é secretário do PPL (Partido da Pátria Livre), onde atua o antigo MR-8. Já Neto é filiado ao PMDB.

A CGTB já é resultado de uma divisão. Em 1986, foi criada a CGT, com disputas entre dois blocos, um liderado por Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, líder metalúrgico de São Paulo durante mais de 20 anos, e outro por Antônio Rogério Magri, ministro do Trabalho no governo Collor e ex-presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. Três anos depois, a CGT se dividiu, originando a CGTB. Em 2007, a CGT, juntamente com outras duas centrais, CAT e SDS, se unificaram em torno da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Com a disputa interna, pelo menos uma das entidades filiadas à CGTB, a Fenatracoop (federação dos trabalhadores em cooperativas), divulgou que se desfiliará da central. O destino deverá ser justamente a UGT.

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