Conferência de bancários critica taxa de juros e cobra regulação do sistema financeiro

São Paulo – A 13ª Conferência Nacional dos Bancários emitiu neste sábado (30) críticas à taxa de juros fixada pelo Banco Central e cobrou uma maior regulação do sistema financeiro […]

São Paulo – A 13ª Conferência Nacional dos Bancários emitiu neste sábado (30) críticas à taxa de juros fixada pelo Banco Central e cobrou uma maior regulação do sistema financeiro para evitar que se repitam crises como a que assola Europa e Estados Unidos.

695 representantes da categoria em todo o país estão reunidos em São Paulo desde sexta-feira (29) para um debate que visa a melhorar as condições dos trabalhadores do setor e a maneira como as instituições financeiras se relacionam com a sociedade. 

O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) fez críticas especialmente à atuação do Banco Central, tida como muito conservadora. O Comitê de Política Monetária vem promovendo sucessivos aumentos na taxa de juros, o que, em linhas gerais, facilita o ganho com a especulação e aumenta os gastos que o Brasil tem no pagamento da dívida pública. “O Banco Central tem atuado como um verdadeiro sindicato dos banqueiros e não está interessado em defender os anseios da sociedade”, criticou.

O parlamentar, que já presidiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo, apontou a alta taxa de juros como um dos fatores que têm levado à desindustrialização do país. “O nosso atual sistema financeiro esfola a micro e pequena empresa, o cliente de baixa renda e enche o bolso dos banqueiros”.

Os bancos públicos foram indicados durante os debates deste sábado como importantes contrapontos às políticas das instituições privadas, mas há consenso de que estão tendo atuação muito tímida no incentivo ao desenvolvimento do Brasil.

Os delegados sindicais reafirmaram a posição contrária ao uso indiscriminado da prática dos correspondentes bancários. A transformação de correios e lojas de departamentos em espécies de agências sem o devido recolhimento de tributos e a criação das vagas de empregos que respeitem os pisos salariais da categoria é um dos grandes problemas neste setor em todo o Brasil. Os debates ponderaram ainda que os bancos são concessões públicas e, como tais, devem dar a todos os cidadãos o direito a ter uma conta bancária. “Se trata de um direito fundamental do cidadão, que precisa ser assegurado de forma adequada”, enfatizou Fernando Cardim, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Cardim lembrou ainda que é preciso promover uma regulação financeira em nível mundial, um debate no qual acredita que o Brasil deva exercer papel protagônico, especialmente no âmbito do G-20, o órgão que reúne as maiores economias mundiais. “É preciso discutir a área, todo o sistema.”

Campanha

A categoria se prepara para uma campanha salarial que promete ser dura. No ano passado, foram registradas as maiores greves em duas décadas. Agora, Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), considera que será preciso ainda mais empenho. “Quando o presidente do Banco Central Alexandre] Tombini faz a mesma fala que os representantes da Fenaban, de que temos que olhar a inflação futura e não o acumulado passado, fica claro que temos que nos preparar para uma greve ainda mais forte e com mais unidade.”

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, acrescentou que as instituições financeiras figuram entre as organizações mais rentáveis do Brasil nos últimos 15 anos, e cobrou um debate sobre a concentração do Sistema Financeiro Nacional e das altas receitas com tarifas. “No ano passado, das dez empresas mais lucrativas, cinco eram bancos. Resultados estratosféricos que representam uma extorsão à sociedade, já que o maior spread bancário do mundo é cobrado pelos bancos brasileiros. A riqueza da sociedade brasileira está se concentrando nas mãos dos banqueiros.”