Greve dos professores do Rio completa um mês, sem acordo à vista

Líder do governo na Assembleia diz que Executivo tem interesse em discutir uma política de recuperação salarial, mas alega falta de recursos. Sindicato reclama de 'enrolação'

Professores farão nova assembleia nesta sexta (Foto: Alex Ribeiro/Folhapress)

São Paulo – Em greve há um mês, os professores da rede estadual do Rio de Janeiro conquistaram poucos avanços desde o início do movimento. A categoria, que reivindica 39% de reajuste nos salários, ainda não recebeu proposta do Executivo. Na quarta-feira (6), diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) e deputados estaduais discutiram na Assembleia Legislativa a antecipação para este ano de uma parcela de gratificação do programa Nova Escola de 2012. A fórmula implicaria bônus de R$ 36 para parte da categoria.

Para os funcionários das escolas, o adiantamento seria maior – até 2015 –, com bônus total de aproximadamente R$ 500. Segundo o líder do governo na Assembleia, deputado André Corrêa (PPS), há interesse do governo em apresentar uma política de recuperação salarial para os profissionais para os próximos três anos, independentemente das gratificações.

A recomendação dos parlamentares aos sindicalistas é que, com os avanços, o movimento grevista seja suspenso para instalação de mesa efetiva de negociação para possível recuperação nos salários. Corrêa reiteirou a falta de condições do governo do Rio em apresentar contrapropostas de índices de reajuste no momento – o que está previsto para ocorrer, segundo prazo dado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), até o próximo dia 15.

Uma assembleia está marcada para esta sexta-feira (8), às 14h, mas para representantes do Sepe os itens apresentados ainda são insuficientes para que os professores decidam encerrar a greve. “Lembramos que não há motivos para o governo adiar a apresentação de sua proposta e que esta enrolação ameaça seriamente o ano letivo dos alunos”, disse a entidade, em nota.

A categoria deve, contudo, continuar a pressão pelos demais pontos reivindicados que não dependem diretamente de cláusulas econômicas, como o fim da exigência do cumprimento do estágio probatório para enquadramento e adicional de mestrado e doutorado, equiparação do vencimento básico do funcionário com o salário mínimo e a discussão sobre o corte de ponto – item que deve ser definido pela 3ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça.

Segundo a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, cerca de 1,5% do quadro de professores aderiu à greve, apesar de o Sepe afirmar que o movimento continua forte.