Professores consideram positiva proposta de reajuste de 42,2% em São Paulo

Governador anunciou reajuste escalonado durante quatro anos para professores da rede pública estadual, que terá de ser aprovado pela Assembleia Legislativa

Reajuste oferecido pelo governo estadual será escalonado em quatro anos (Foto: Carol Guedes/Folhapress)

São Paulo – A proposta de reajuste de 42,2% nos próximos quatro anos para o salário-base dos professores da rede pública estadual anunciada nesta quarta-feira (11) pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), agradou sindicalistas da categoria. Caso seja aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o piso salarial para 40 horas semanais passará de R$ 1.665 para R$ 1.894.

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, considera “um bom início de conversa” a proposta do governo estadual. “A proposta reconhece e incorpora os estudos da Apeoesp que indicam a necessidade de um reajuste salarial de 36,74% para repor nossas perdas acumuladas desde março de 1998”, disse em nota.

Escalonado nos próximos quatro anos, as parcelas do reajuste serão efetuadas a cada 1º de julho. A primeira parte será de 13,8%, em 2011. A data para a aplicação da correção é motivo da única ressalva feita pela sindicalista. “Reafirmamos que, para nós, a data para reajuste deve ser 1º de março, que é nossa data-base, estabelecida em lei do próprio Executivo. Devemos, portanto, discutir essa questão com o governo”, pontuou a sindicalista.

Em julho de 2012, caso o projeto seja aprovado, o aumento será de 10,2% (o que equivale a um salário de R$ 2.088,27). No ano seguinte, o reajuste será de 6% (remuneração base de R$ 2.213,56). No último ano da série, 2014, o índice está definido em 7%, alcançando R$ 2.368,51.

Ao anunciar o formato dos reajustes, Alckmin explicou os objetivos da nova política salarial. “Estamos fazendo o primeiro movimento de valorização e qualidade da escola pública do estado de São Paulo. Começamos pelo professor. Mantemos o bônus por desempenho e a valorização pelo mérito”, afirmou. A adoção dos adicionais por mérito eram questionadas pelo sindicato por privar a maior parte da categoria de qualquer forma de reajuste.

Segundo o governo estadual, a definição sobre reajustes é uma forma de incentivar os professores a permanecer nas escolas da rede pública. Além disso, o aumento salarial garantido também pode atrair mais jovens para a função. A medida reconhece que as condições de trabalho oferecidas atualmente são insuficientes para manter os docentes motivados na função.

“Com esta iniciativa, o governador Geraldo Alckmin proporcionará à rede estadual de ensino melhores condições para combater um dos maiores obstáculos para a melhoria do aprendizado dos alunos, que é a rotatividade dos professores”, destacou o secretário de Educação, Herman Voorwald.

Concurso e próximos passos

Outra medida reivindicada pelo sindicato, a abertura de vagas de concurso público para profissionais da educação, também foi vista com bons olhos por Bebel. “Trata-se de medida necessária, como temos há tempos reivindicado, tendo em vista, entre outras razões, o aumento da incidência de casos de violência nas escolas”, disse.

O governo anunciou, também nesta quarta, a criação de 10 mil cargos de agente de organização escolar. A criação da função consta do mesmo projeto enviado à Alesp. A meta é permitir que diretores dediquem-se mais a questões pedagógicas. Cada uma das 5.260 escolas do estado terão um profissional encarregado da gerência escolar. Apenas após a aprovação do projeto é que o concurso público seria aberto.

Bebel defende que outros pontos sejam revistos. “Questões como as formas de evolução profissional, valorização da experiência e tempo de serviço, critérios para aposentadoria, condições de trabalho e outras estão na pauta que continuaremos a debater”, finalizou. Além dos professores, o reajuste salarial também contempla reajuste para aposentados e pensionistas.