Metalúrgicos e Fiesp: aliança é contra juros e impostos, salários à parte

Miguel Torres (metalúrgicos de SP), Skaf (Fiesp), Paulinho (Força) e Sérgio Nobre (metalúrgicos do ABC): em busca de uma agenda comum (Foto: Fiesp/divulgação) São Paulo – Trabalhadores e empresários unidos […]

Miguel Torres (metalúrgicos de SP), Skaf (Fiesp), Paulinho (Força) e Sérgio Nobre (metalúrgicos do ABC): em busca de uma agenda comum (Foto: Fiesp/divulgação)

São Paulo – Trabalhadores e empresários unidos em uma espécie de aliança pela desoneração da folha de pagamento, pela redução dos juros e pelo fortalecimento da indústria. Mas a questão salarial é um caso à parte. Na coletiva de anúncio de um seminário organizado para discutir o tema, tanto Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) como os principais sindicatos de metalúrgicos do país – do ABC, filiado à CUT, e São Paulo, ligado à Força Sindical – preferiram destacar pontos de vista e soluções comuns para os problemas do país, especificamente da indústria.

“A agenda pontual tem o seu momento”, afirmou o presidente da Fiesp e do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp), Paulo Skaf. Para ele, um dos principais desafios brasileiros diz respeito especificamente à indústria, que tem sofrido com a questão cambial. Além disso, ele acredita que falta visão estratégica. A China, como sempre, está no centro das preocupações. “O Brasil não sabe o que quer”, afirmou Skaf. “Estão importando minério e soja em grão e exportando manufaturas; os chineses têm uma estratégia e encaixam o Brasil na estratégia deles. Agora, qual é o plano do Brasil?”, questionou.

“Se salário causasse inflação, durante o governo Lula a inflação teria estourado”, rebateu o presidente da Força, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho. Ele lembrou que algumas categorias já fecharam acordo este ano com reajuste acima da inflação. “E todas as categorias (com data-base no segundo semestre) vão reivindicar aumento real de salário. O problema da indústria é maior que o salário. Isso nós vamos brigar com eles, assim como na questão das 40 horas (semanais de jornada máxima de trabalho). É outra pauta.”

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, já havia declarado que a inflação é consequência de outros fatores, e que envolver os salários representa uma falácia. “No período de quase 20 anos, entre 1989 e 2008, a produtividade da indústria aumentou 84%, enquanto no mesmo espaço de tempo a renda média dos salários caiu 37 pontos. Se a teoria clássica associa inflação a aumentos salariais acima da produtividade, podemos então descartar o risco”, afirmou, em artigo, acrescentando que o consumo das família tem se mantido estável em relação ao crescimento da economia. “A CUT e seus sindicatos não vão cair nessa (creditar o salário como ‘vilão’ da inflação)“, afirmou.

Juntos, os sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de São Paulo representam aproximadamente 400 mil trabalhadores na base. Também têm data-base no segundo semestre bancários, petroleiros e químicos, entre outras categorias.

Durante a apresentação do seminário que será realizado na próxima quinta-feira (26) – “Brasil do diálogo, da produção e do emprego –, Skaf deu a entender que a inflação está sob controle. “Houve uma pressão inflacionária que não foi brasileira, foi global”, afirmou, lembrando que o boletim Focus, divulgado nesta segunda pelo Banco Central (BC), voltou a mostrar projeção de inflação em desaceleração, para 6,27%. “Este ano vai fechar dentro da meta (6,5%).”

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