Para embaixada dos EUA, sindicatos ampliaram papel no Brasil

De acordo com o diplomata Ron Kirk, a influência política dos sindicatos aumentou após a crise econômica e a eleição de 2010. (Divulgação) São Paulo – A influência política dos […]

De acordo com o diplomata Ron Kirk, a influência política dos sindicatos aumentou após a crise econômica e a eleição de 2010. (Divulgação)

São Paulo – A influência política dos sindicatos cresceu no Brasil a partir da superação da crise econômica e da eleição de 2010, na visão de diplomatas dos Estados Unidos no Brasil. A informação consta de um dos telegramas vazados nesta quarta-feira (9) pelo Wikileaks divulgado por um conjunto de blogues no país.

O documento foi produzido em outubro de 2009 e descreve uma reunião entre Ron Kirk, representante comercial do governo dos Estados Unidos, e sindicalistas. Houve ainda conversas posteriores com representantes das entidades sindicais no consulado.

“À medida que o Brasil sai da crise econômica e move-se para eleições nacionais em 2010, os sindicatos terão maiores oportunidades para expandir sua influência”, diz o texto, assinado por Thomas White, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo. A análise completa está no site Futepoca.

Apesar de desafios econômicos e de algumas greves à época, o diplomata manifesta que o sentimento expresso pelos sindicalistas no contato com Kirk demonstrou que, sob o governo Lula, os sindicatos organizados tiveram sua voz sendo ouvida em questões sociais, políticas e econômicas.

Os sindicalistas no Brasil têm, na definição de White, “visões protecionistas/pró-política industrial”. No entanto, ainda segundo o cônsul, eles mostraram-se dispostos a encontrar e se envolver com o representante comercial – “um sinal que vemos como positivo”, relata White. Não há menções ao fato de que a maior parte das centrais apoiaria a candidatura de Dilma Rousseff.

Na perspectiva da embaixada, o contato entre o membro do governo dos EUA e os sindicalistas foi quase toda positiva, com exceção de algumas demandas por saber mais sobre a política de Obama para a área comercial.

A reunião teve participação de representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e da Força Sindical. Entidades internacionais, como a Confederação Sindical das Américas (CSA) e o Centro de Solidariedade da AFL-CIO, central sindical norte-americana, também tiveram membros presentes. O presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo(Fetaesp) completou o grupo.

Sobre a realidade dos cortadores de cana-de-açúcar, o telegrama se detém por um trecho longo. Não há menções relacionadas ao fato de o etanol produzido no Brasil ser concorrente internacional do obtido a partir do milho, nos Estados Unidos. No entanto, as reclamações de  situação dos boias-frias são destacadas.

O texto cita leis estaduais e acordos entre usineiros comprometendo-se a mecanizar toda a produção até 2014 e a consequente onda desemprego de trabalhadores de baixa qualificação profissional.