Em reunião com centrais, Dilma aceita negociar correção da tabela do IR por quatro anos

Após abalo na relação entre governo e sindicalistas, primeiro encontro desde o início do mandato é avaliado como positivo. Dilma estuda garantir correção de 4,5% por quatro anos ou elevar percentual para 2011

Dilma não assumiu compromissos, mas prometeu canal permanente de diálogo, por meio de Gilberto Carvalho (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – Na primeira reunião com centrais sindicais desde o início do mandato da presidenta Dilma Rousseff, o governo comprometeu-se a apresentar uma posição sobre a correção da tabela do Imposto de Renda nos próximos dias. Dilma não definiu medidas futuras, mas se mostrou receptiva às demandas. O encontro na manhã desta sexta-feira (11) foi avaliado como “positivo” pelos sindicalistas, que defendem um canal de diálogo permanente com Dilma.

As centrais defenderam uma correção na tabela de 6,46%, ante os 4,5% propostos pelo executivo, além de definir percentuais para alterar as alíquotas nos próximos anos, a exemplo do que ocorreu com o salário mínimo.  Dilma deixou claro que estudaria a proposta, sem definir uma posição, segundo sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) ouvidos pela Rede Brasil Atual. O encontro durou aproximadamente três horas.

O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), insistiu na necessidade de se fixar um cronograma de reuniões, com datas definidas. Paulinho declarou à Agência Brasil que o pedido foi de correção maior do que os 4,5% ou compromisso de reajuste por quatro anos nesse percentual. “Fizemos um apelo para a presidenta que fizesse [a correção com] um número diferente dos 4,5% ou fizesse a correção pelos quatro anos de governo e ela disse que vai levar essa reivindicação em alta conta. Portanto, cremos que essa reivindicação foi atendida”, disse.

Foram recebidos na audiência representantes da CUT, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

Segundo Quintino Severo, secretário-geral da CUT, a avaliação da reunião foi “positiva” para as centrais. “A presidenta confirmou uma agenda permanente entre as centrais e o ministro Gilberto Carvalho como o interlocutor entre governo e sindicalistas”, revelou. O diálogo permanente, segundo ele, não seria obrigatoriamente pautada a priori. “Poderemos falar sobre o Imposto de Renda, sobre os aposentados, fim do fator previdenciário ou outro tema que surja”, detalhou.

Para argumentar sobre o orçamento da União para o ano, a presidenta conversou sobre os investimentos em diversos setores do governo, como saúde, educação e infraestrutura. Para Severo, o discurso de Dilma no encontro foi consistente com o tipo de debate. “Ela me pareceu muito convicta e disposta a nos ouvir em seu discurso. Estou vendo com bons olhos a nova etapa de diálogo”, disse.

A questão do reajuste das aposentadorias, defendida pelas centrais desde o início das mobilizações pelo aumento do salário mínimo, também foi debatida. Eles defendem uma política de valorização permanente para que alcance ou supere o valor do novo mínimo.

 

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