UGT critica governo por tratar correção do IR como ‘moeda de troca’

Governo decidiu correção da tabela em 4,5%, mas só efetiva medida se o salário mínimo ficar em R$ 545

São Paulo – O vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o deputado federal Roberto Santiago (PV-SP), criticou o modo com que as negociações do novo valor do salário mínimo têm sido conduzidas pelo governo. Para ele, o fato de o Palácio do Planalto aceitar corrigir a tabela do Imposto de Renda (IR) apenas depois de aprovado o salário mínimo de R$ 545 é uma medida indevida.

“A decisão de reajuste da tabela do Imposto de Renda é técnica e depende do Executivo e suas áreas econômicas, por isso o governo a tem usado, indevidamente, como moeda de troca”, afirmou, em nota divulgada nesta segunda-feira (14).

O governo sinalizou que está disposto a corrigir a tabela do IR para 2011 em 4,5%, evitando impacto dos R$ 545 que deve ser votado nesta quarta-feira (16) na Câmara dos Deputados. A proposta das centrais de reajuste de IR é de 6,46%, desde o início das negociações.

Santiago, que apresentou emenda de reajuste do mínimo para R$ 560, acredita que deputados do PV, DEM, PSDB e PCdoB devem seguir sua proposta. “Com o voto aberto, que já está confirmado, ficará muito difícil para os deputados, mesmo sofrendo uma pressão muito grande do Executivo, votarem contra os interesses de mais de 48 milhões de brasileiros que dependem do salário mínimo”, sustentou.

O deputado insiste que, mesmo com a oferta de 4,5% de correção na tabela, as centrais continuarão a pressão sobre o governo. “Vamos insistir na reposição integral da inflação na tabela do Imposto de Renda pois, de outra forma, trata-se de subtração de rendimentos da classe trabalhadora a favor do governo”, afirmou.

Manifestações na Câmara

A CUT se reunirá com militantes na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (15) para manifestações a favor de um salário mínimo acima dos R$ 545 propostos pelo governo.
A central pretende reunir aproximadamente 200 dirigentes, que vão se concentrar a partir das 14h na portaria dos anexos 2 e 4 da Câmara.

A Força Sindical também deverá promover manifestações. A concentração dos militantes e dirigentes acontecerá no Salão Verde da Câmara, onde os deputados e senadores circulam.

Também está marcada para esta terça sessão de uma comissão geral na Câmara para debater a questão. Representantes das centrais, do governo e de lideranças do Congresso voltam a tratar do salário mínimo antes de o tema ser apreciado em plenário. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve participar da reunião, segundo a expectativa dos sindicalistas.

O projeto de lei do governo que determina o mínimo em R$ 545 também prevê o índice que reajusta o salário mínimo até 2014. Pela proposta, ficaria formalizado o cálculo empregado desde 2006. O piso nacional seria reajustado de acordo com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acumulada nos 12 meses anteriores, mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

Com informações da Agência Brasil