Cursos preparatórios reduzem impacto de suspensão de concursos federais

Candidatos a vagas federais prometem mudar foco de estudos

(Foto: Leandro Moraes/Folhapress)

São Paulo – A decisão de suspender concursos públicos federais anunciada na quarta-feira (9) como parte do pacote de cortes de gastos do governo federal não muda a vida de candidatos e de empresas preparatórias para as provas. A avaliação é de especialistas ligados a cursos preparatórios para esse tipo de processo seletivo ouvidos pela Rede Brasil Atual.

Carlos Alberto De Lucca, coordenador geral da Siga Concursos, braço do grupo Anglo, acredita que a restrição aos concursos federais será parcial. Na visão do coordenador, alguns concursos devem ser mantidos, como os da área fiscal, “porque aumentam a arrecadação”. Também é necessário repor aposentados e atender programas sociais, cogita. “Acredito que essa foi uma mensagem de austeridade da presidenta, não uma suspensão total”, declara De Lucca.

Para ele, as carreiras típicas de Estado são essenciais e o Brasil conta com menos funcionários públicos por habitante do que os Estados Unidos, exemplifica. “São vagas necessárias, não é cabide de emprego”, afirma. “Os concursos mantêm a qualidade dos serviços prestados”, frisa o especialista.

De Lucca lembra que os candidatos a vagas federais já viveram momentos parecidos. “Não é exclusividade desse momento, também passamos por isso durante a crise econômica mundial, no fim da CPMF e em outros governos”, descreve.

José Luis Romero, diretor de Recursos Humanos da Central de Concursos, vê a suspensão dos concursos como medida preventiva do governo federal que pode acabar a qualquer momento. “Ela (Dilma Rousseff) só está observando o que está acontecendo, depois os concursos serão retomados”, cita. Um dos exemplos é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), onde há carência de 10 mil profissionais, segundo Romero.

O diretor diz que a procura por cursos preparatórios para as carreiras federais não muda. O que deve ocorrer é uma mudança temporária de opção por parte dos candidatos, que passarão a buscar carreiras estaduais enquanto aguardam as vagas federais serem liberadas. “Os cargos mais cobiçados, de mais alto status e de melhores salários, são os federais”, aponta.

Desânimo momentâneo

Candidata a uma vaga na auditoria da Receita Federal, a analista fiscal Adriana Sabatine Momesso é um exemplo dessa estratégia. Ela conta que ficou desapontada com a decisão do governo. “Vou me concentrar no concurso para auditor fiscal do estado, mas creio que a concorrência será maior”, prevê.

Por outro lado, entre os alunos do curso preparatório para auditor fiscal da Siga Concursos o clima na sala de aula era de otimismo na quinta-feira (10). Segundo Cléber Peralta, mais cedo ou mais tarde os concursos suspensos serão realizados. “Até lá, seguimos estudando”, consola-se.

Mayra Roldi explica que passar em um concurso público é uma escolha a longo prazo. “Não me senti afetada pela alteração dos concursos federais.”

Romero analisa que os concurseiros, aquelas pessoas que se preparam há anos para uma carreira pública, “veem com tranquilidade” a medida federal. “São pessoas conscientes de que têm de se preparar com três anos de antecedência”, alinha. “Já sabíamos que parte dos concursos federais seriam só em 2012, então não vemos problema”, informa.

Para quem pretende concorrer a vagas no governo federal ele ensina: “Concurso público é um projeto de vida de médio e longo prazo. Tem de estudar um ano e meio, dois anos para passar, então os alunos não ficam apavorados”.

De Lucca também sugere que os candidatos mantenham-se concentrados e aguardem a divulgação de quais concursos federais realmente estarão suspensos. “O impacto é só inicial, os concurseiros não se deixam abater, também porque são bem informados”, resume.

Colaborou Jéssica Santos de Souza

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