Centrais sindicais cogitam levar ao Congresso ‘briga’ pelo mínimo e por correção da tabela do IR

Caso reunião com os ministros não traga resultados, nesta sexta-feira (4), sindicalistas apostam em mobilização no Congresso Nacional para garantir aumento maior do que o oferecido

São Paulo – Representantes de centrais sindicais dividem-se em relação à expectativa para a reunião com os representantes do governo federal, nesta sexta-feira (4), em São Paulo. Em pauta estão o reajuste do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda (IR). Estão confirmados Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, Carlos Lupi, do Ministério do Trabalho e Emprego, e Guido Mantega, da Fazenda.

Tanto os otimistas quanto os pessimistas ouvidos pela Rede Brasil Atual apontam o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional na quarta-feira (2) como motivo da alteração. Ao participar da abertura dos trabalhos do ano no Legislativo e entregar o plano do Executivo, Dilma defendeu regras claras e fixas para o reajuste do salário mínimo.

Os sindicalistas não descartam a possibilidade de levar a mobilização para o Congresso Nacional. Deputados do PDT ligados a Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, devem apresentar emendas à medida provisória que reajusta o mínimo propondo valores alternativos – de R$ 560 a R$ 580 – além de reajustes para os aposentados de 7,8% a 10%.

O governo federal admite elevar o mínimo a R$ 545, de modo a garantir a reposição da inflação de 2010 medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Não houve propostas em relação à tabela do Imposto de Renda, corrigida em 4,5% nos últimos quatro anos, em virtude de o mesmo acordo com as centrais que garantiu a fórmula de reajuste do mínimo (inflação mais média de crescimento dos dois anos anteriores). O padrão foi definido apenas até 2010.

João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, está entre os otimistas. “O clima para esta reunião é melhor. No início, ficaram os recados de um lado para o outro, mas agora há um debate mais em busca de entendimento”, opina. “A tendência é que se chegue a um acordo (nesta sexta)”, aposta.

O sindicalista vê na presença de Mantega um indicativo de que há mais possibilidades de se alcançar consenso. “A bola está com eles (governo); eles é que tem de vir com uma proposta”, avalia. Juruna acredita que o governo deve envolver o reajuste do mínimo para 2012 na negociação, com algum mecanismo de antecipação.

Do lado dos pessimistas estão Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), e Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). “Estamos preocupados por causa das declarações da presidente no Congresso que, por um lado, demonstra valorizar um acordo que assinamos, mas esquece da atipicidade do ano de 2009, por causa da crise”, afirma Patah. “Aí, querem colocar goela abaixo os R$ 545”, critica.

“Gilberto Carvalho tem uma relação próxima com as questões sociais mais sensíveis, é um bom interlocutor, mas estamos com um pé atrás por conta da posição da presidente. O Mantega vai ser a linha-dura da Dilma”, insiste Patah. Para o presidente da UGT, é ruim para o governo se afastar do movimento sindical pouco mais de um mês após a posse.

Gomes concorda que a bola está com o governo, já que as propostas das centrais estão colocadas tanto para o salário mínimo como para a correção do IR. “Mas, pelas declarações da semana, é possível que tenhamos de terminar o assunto no Congresso Nacional”, desafia. “Nós apoiamos a presidente na eleição, mas queremos que as expectativas dos trabalhadores sejam atendidas”, aponta.

Estão confirmados na reunião representantes da CUT, da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

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