Bancários querem compromisso trabalhista em acordo entre BB e Bradesco

Associação entre bancos brasileiros e o BES, português, para atuar na África pode ser positiva, mas sindicalistas prometem pressão por Acordo Marco

São Paulo – Os bancários apontam como positivo o anúncio das negociações para o Banco do Brasil expandir suas ações para o continente africano. Porém, o fato de o acordo ocorrer com o Bradesco, uma instituição privada, é motivo de preocupação. Em relação ao banco público, os sindicalistas prometem pressionar pela assinatura do Acordo Marco Global, um compromisso internacional entre empresas e trabalhadores para assegurar patamares adequados nas relações trabalhistas.

Marcel Barros, secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), explica que o acordo marco ainda não foi firmado pelo Banco do Brasil, apesar da presença na Argentina, Paraguai, Bolívia e em outros 20 países. “Um banco público tem, ou deveria ter, compromisso com o desenvolvimento”, avalia Barros, em entrevista à Rede Brasil Atual.

Outro motivo de preocupação da Contraf, segundo o dirigente, é a conduta do Bradesco. “Precisamos verificar os termos da negociação da holding, mas pode haver problemas para os trabalhadores dos países africanos”, avalia. “O Bradesco é um banco voltado a explorar, não desenvolver”, critica. O sindicalista considera que o compromisso da instituição financeira privada é exclusivamente com o lucro apresentado a seus acionistas.

Na manhã desta segunda-feira (9), o Banco do Brasil e o Bradesco anunciaram uma negociação em curso para a formação de uma holding internacional voltada à atuação no continente africano. O português Banco do Espírito Santo (BES) integra as conversações e disporia de sua estrutura atual em países como Angola, Líbia, Cabo Verde e Marrocos. O conglomerado coordenaria os novos investimentos.

“É positivo o fato de o Banco do Brasil ser internacional, ele deve atuar onde houver interesses brasileiros”, avalia Barros. “E é esse o caso da África, com acordos feitos pelo governo nos últimos anos”, sustenta. Antes, a instituição havia anunciado investidas na América do Sul e divulgado interesse em se inserir nos mercados dos Estados Unidos.

Barros lembra que, apesar de os termos de organização da holding não terem sido divulgados – e de envolverem até 90 dias para serem consolidados – o fato de o acordo ter vindo a público indica que as negociações estão avançadas. “Provavelmente, o BES precisa se capitalizar para ampliar as ações na África. A associação com bancos brasileiros ajuda”, pontua.

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