Falta de qualificação profissional limita aumento de empregos, diz Lupi

Chamado Sistema S deve ocupar lugar de destaque na formação técnica dos jovens. Ministro também diz que fiscalização contra trabalho escravo virou referência para a ONU

Brasília – Apesar da geração recorde de empregos em abril e da previsão de criação de 2,5 milhões de vagas em 2010, a falta de qualificação ameaça o crescimento do número de postos de trabalho formais em todo o país, de acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Este ano, a expectativa é que cerca de 1 milhão de trabalhadores passem por algum curso de formação. “Estamos muito aquém do necessário, deveriam ser 5 milhões”, comparou, em entrevista nesta terça-feira (18) a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro. Segundo Lupi, a falta de qualificação é o grande gargalo da geração de empregos no país e atinge principalmente setores como a construção civil e os serviços.

“No Brasil temos a cultura do diploma universitário, mas deixamos de lado os cursos técnicos e de aperfeiçoamento, que são os mais necessários agora. Falta uma política para cursos de qualificação e aperfeiçoamento de curto e médio prazos.”

Lupi disse que os investimentos em qualificação devem ser prioridade do governo e da iniciativa privada e aposta no chamado Sistema S (Senai, Sesi, Sesc, Senac e outros) para a expansão dos cursos de formação profissional. “Eles estão em todo o Brasil e têm a rede mais preparada para esses cursos. Mas temos que apelar para que ofereçam mais vagas gratuitas, porque quem está desempregado não consegue pagar.”

Segundo o ministro, o governo está elaborando um projeto de lei para combinar o recebimento do seguro-desemprego à participação do trabalhador em cursos de capacitação profissional. “O problema é que não temos estrutura pública nem privada para atender à formação de tantos trabalhadores”, reconheceu.

Escravidão

Lupi também avaliou a atuação do governo no combate à exploração de mão de obra em condições análogas à escravidão. Disse o ministro que, a  fiscalização do Ministério do Trabalho tem diminuído as denúncias em estados onde a situação era considerada crítica, como o Pará, e o problema está aparecendo com mais frequência em outras regiões.

O ministro recebe, ainda nesta semana, a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre formas contemporâneas de escravidão, a advogada armênia Gulnara Shahinian.

A comissária ficará dez dias no país, mas o roteiro não incluiu nenhum município do Pará, campeão de citações na chamada lista suja do trabalho escravo, nem estados com grande número de registros, como Goiás e Mato Grosso do Sul.

“Fizemos uma ação forte nessas regiões onde tínhamos maior número de registros. No ano passado, tivemos muitos casos no interior do Rio e de Minas, por exemplo. Há um redirecionamento, porque a fiscalização começou a dar certo em algumas regiões.”

Segundo ele, apesar do grande número de trabalhadores que ainda são submetidos à situação análoga à escravidão no país, o Brasil registrou avanços nos últimos anos no combate a esse tipo de crime. “No geral, nossa avaliação é positiva, o problema diminuiu. Antes o Brasil era denunciado porque não fazia nada, hoje o país é referência. A ONU está vindo aqui ver como agimos”, disse.

Em 2009, 3.769 pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão pela fiscalização do Ministério do Trabalho. Este ano, até o início de maio, pelo menos 653 pessoas foram libertadas.

 

 

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