Químicos de SP priorizam redução da jornada em 2010

Na primeira campanha salarial do ano, trabalhadores reivindicam 10% de reajuste, sábados livres e férias em dobro. Em 2009, sindicato conquistou redução no setor farmacêutico

(Foto: Eduardo Oliveira/Divulgação)

Depois da conquista, em 2009, da redução da jornada de trabalho para os trabalhadores no setor farmacêutico, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Plásticas de São Paulo e região luta este ano para estender o benefício para o setor químico. “2009 foi um ano importante porque sacramentamos a redução da jornada para 40 horas semanais no setor farmacêutico”, aponta Osvaldo da Silva Bezerra, coordenador do sindicato. “Agora, nosso esforço continua para redução da jornada no setor químico”, acrescenta.

E é exatamente no setor farmacêutico que o sindicato já começa o ano com campanha salarial, a primeira do ano. “Os trabalhadores decidiram como pauta para este ano reajuste de 10% em todos os salários, piso salarial de R$ 1.158, PLR de dois pisos (R$ 2.316), férias pagas em dobro, estabilidade no emprego e sábados livres”, enumera. “O setor farmacêutico teve um bom desempenho em 2009, e a expectativa em 2010 é de continuar crescendo”, avalia o sindicalista.

Bezerra explica que a reivindicação de férias pagas em dobro é nova e importante para a qualidade de vida do trabalhador. “Quando o trabalhador volta do periodo de férias, ele retorna sem dinheiro e trabalha o mês todo para receber o salário”, argumenta.

Já a reivindicação por sábados livres foi decidida pela categoria devido a manobras das empresas em que a jornada é de 40 horas semanais, cita o dirigente sindical. “Um dos objetivos da redução da jornada é liberar o trabalhador no fim de semana. Mas as empresas criam uma manobra marcando trabalho aos sábados e pagando porcentagem baixa de hora extra”, destaca. Para o sindicato, a solução passa por acabar com o trabalho aos sábados ou aumentar o valor da hora extra.

A luta por redução da jornada de trabalho no setor farmacêutico não terminou com a conquista das 40 horas semanais, avisa Bezerra. “Na Europa já se trabalha 35, 37 horas. A jornada é menor e isso não prejudica em nada a produtividade”, analisa.

Em setembro, a entidade negocia com o setor químico. “Enfrentamos duas campanhas salariais por ano. O setor é muito complexo, com muitos subsetores”, explica Bezerra.

Campanhas permanentes

Em 1994, o sindicato começou a estudar o tema assédio moral no trabalho, informar os trabalhadores e a combater o problema, que só anos mais tarde ganhou notoriedade no mundo do trabalho. “Essa é uma prática humilhante”, diz Bezerra. “Ganhamos vários embates nesse âmbito, com comprovação de prática sistemática de assédio moral com prejuízo para o trabalhador”, acrescenta.

Entretanto, o empenho pela saúde do trabalhador não se limita a denunciar os casos de assédio moral. A luta do sindicato por qualidade de vida dos trabalhadores vai além, afirma Bezerra. “Estamos o tempo todo buscando qualidade de vida para a categoria e um ambiente de trabalho melhor.”

Parte desse trabalho acontece identificando permanentemente doenças no setor em função “do modo de produzir” das empresas. “Temos uma parceria com organismos públicos para tipificar e encontrar a maneira mais segura de prevenir doenças e acidentes no local de trabalho”, salienta.

A Organização no Local de Trabalho (OLT) é outro tema permanente do sindicato. Segundo Bezerra, a cultura empresarial brasileira resiste à OLT por medo de dividir o poder. “Enfrentamos um atraso grande nas relações capital-trabalho no Brasil”, diz. “A organização sindical muitas vezes só consegue chegar até o portão.” Para o dirigente sindical, é importante manter um diálogo permanente nas fábricas.

A linha de trabalho do sindicato, defende Bezerra, é enfrentar os preconceitos mais danosos à sociedade por meio de campanhas permanentes.  “O sindicato não age só na luta cotidiana e permanente, mas auxilia e apoia movimentos sociais”, comenta. Ao longo de todo ano, o sindicato também se integra às campanhas e manifestações da CUT, lembra o sindicalista.

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