O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), Sérgio Nobre, lembra bem dos meses iniciais de 2009 e das perspectivas difíceis para todo o ano. “Nesta época, no ano passado, a categoria estava em greve na maioria dos setores, em defesa do emprego porque a crise foi muito forte na região”, analisa.

Crise superada, ele prevê que 2010 será muito melhor, com investimentos do sindicato em formação, saúde e cultura para os trabalhadores. “2010 traz sinais muito claros de que teremos um novo recorde de produção e venda de automóveis e caminhões”, defende. “Isso cria condições para um bom acordo de participação nos lucros e resultados e uma excelente campanha salarial”, prevê Nobre.

Apesar do bom momento econômico, os metalúrgicos estão preocupados com a importação de componentes de veículos e o impacto no setor. “Nós vamos ter com certeza uma boa produção de caminhões e ônibus, mas estamos preocupados que os componentes destes veículos venham de fora, sejam importados”, explica.

Como a cotação do dólar está favorável à importação e a crise lá fora não passou, em muitos países, o Brasil tornou-se um destino para peças fabricadas em outras partes do mundo, já que o mercado está aquecido. “Todo mundo tem interesse em mandar componentes para o Brasil”, contextualiza o dirigente sindical. Nobre admite que o sindicato está acompanhando a situação de perto, principalmente em razão da crise em países como Espanha e Portugal.

Formação e cultura

A Convenção Coletiva de Trabalho da categoria em 2009 garantiu aos trabalhadores liberação, um dia por ano, para formação sindical. A conquista vai exigir do sindicato investimentos num centro de formação para receber os trabalhadores. “Nós vamos priorizar a compreensão da história do sindicato, da negociação coletiva, sobre convenção. Isso é inovador”, comemora Nobre. Cerca de 700 trabalhadores deverão passar diariamente pela entidade para formação.

No dia 26 de março, os Metalúrgicos dão início ao 2º Congresso de Mulheres Metalúrgicas, com a participação da atriz Rosi Campos, na conferência de abertura intitulada “As mulheres e os espaços de poder”. Além da formação sindical, a entidade vai investir em formação cidadã e profissional para os trabalhadores.

Segundo o dirigente metalúrgico, também está entre as prioridades do sindicato investimentos em cultura. “Faltam promoções em cinema, teatro, festival de músicas. O trabalhador não vive só de comida”, adverte.

Eleições

Para o sindicalista, a crise de 2009 demonstrou a importância de programas como Bolsa-Família, Luz para Todos e a política de valorização do salário mínimo no Brasil. “Então, 2010 será importante para defender essas políticas”, frisa. A referência é ao fato de haver eleições presidenciais neste ano.

“O movimento sindical tem o desafio de aproveitar bem o crescimento econômico para melhorar o salário e as condições de trabalho nas empresas. E de ajudar o Brasil a continuar enfrentando a pobreza e crescendo”, opina Nobre.