No dia da saída, centrais criticam intransigência de Serra em negociações

CUT repudia atitude de governador em negar diálogo com professores em greve e em entrar na Justiça contra movimento

São Paulo – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) emitiu comunicado em que condena a atitude do governador de São Paulo, José Serra, de não negociar com os professores da rede pública estadual, que desde o começo do mês estão em greve.

No dia em que Serra realizou ato oficial de despedida do cargo para se candidatar à Presidência da República, a CUT lembrou alguns dos episódios vistos nas últimas semanas. Na sexta-feira (26), a Polícia Militar reprimiu protesto dos docentes nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governador. 

No início desta semana, o PSDB, partido de Serra, decidiu ingressar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual paulista, por supostamente utilizar recursos sindicais para a realização de campanha. A alegação é de que a presidente da instituição, Maria Izabel Noronha, teceu críticas ao governador e elogios ao governo federal, da pré-candidata pelo PT Dilma Rousseff, durante ato na capital paulista.

O presidente da CUT, Artur Henrique, entende que o tucano lança mão de métodos ditatoriais e impede o diálogo. “As alegações beiram o absurdo. Acusam a presidente da Apeoesp de ser filiada ao Partido dos Trabalhadores e de ter participado de atividade pública junto com a Ministra Dilma Rousseff. Os professores lutam por reajuste imediato de 34,3%, incorporação de todas as gratificações, um plano de carreira justo e por concurso público de caráter classificatório. Qualquer outra alegação é eleitoreira e tem como objetivo confundir a opinião pública ao deturpar a mobilização da categoria”, pontua.

O governo de São Paulo nega-se a abrir negociações afirmando que a greve dos professores tem caráter político e eleitoreiro, além de apontar baixa adesão. Para a Secretaria de Saúde de José Serra, menos de 1% dos docentes da rede oficial participam da paralisação, embora o sindicato aponte número acima de 70%.

A CUT adverte que tratar a greve dessa maneira é desrespeitar um direito garantido aos trabalhadores pela Constituição de 1988 e recorda que o governador, desde que assumiu o cargo, jamais se sentou à mesa para negociar com qualquer categoria.

A Força Sindical, também em comunicado, reforçou as críticas ao pré-candidato, afirmando que, desde 2005, os trabalhadores públicos de São Paulo tiveram reajuste de apenas 5%, contra uma inflação acumulada de 22%. Para a central, trata-se de uma atitude que demonstra intransigência e insensibilidade social, agravada pelos problemas gerados aos filhos de trabalhadores que estão matriculados em escolas públicas. “Acreditamos que o desenvolvimento do País só acontecerá com investimentos em educação e melhorias de condições de vida para os profissionais da área”, declarou João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da entidade.

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