Rede de lojas Marisa é acusada de escravizar imigrantes em SP

Inspeção encontrou trabalhadores bolivianos em condições análogas à escravidão em oficinas de costura contratadas pela rede Marisa. Trabalhadores recebem R$ 2 por uma peça que será vendida a R$ 49,99 pela empresa

Oficina de costura fiscalizada produzia peças femininas para a Marisa (Foto: Maurício Hashizume/Repórter Brasil)

A rede de lojas de vestuário Marisa foi autuada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP) acusada de ligação com o trabalho escravo de imigrantes sul-americanos. Foram aplicados 43 autos de infração, num total de R$ 663,6 mil, depois de serem encontrados, em oficinas de costura contratadas pela empresa, imigrantes trabalhando em condições análogas à escravidão. As ações de fiscalização ocorreram durante os meses de fevereiro e março.

O rastreamento da cadeia produtiva do setor de confecções levou a SRTE a encontrar trabalhadores, em geral bolivianos, sem registro, com salários de R$ 202 a R$ 247, menos da metade do mínimo brasileiro (R$ 510) e menos de um terço do piso da categoria. As condições de trabalho, saúde e segurança também eram inadequadas.

De acordo com as investigações dos fiscais do trabalho, dos R$ 49,99 que um cliente da rede de lojas Marisa pague por uma peça, R$ 2 vão para o trabalhador (4%), R$ 2 para o dono da oficina (4%), R$ 17 para os intermediários (34%) e R$ 28,99 (58%) ficam com a Marisa.

A SRTE também encaminhou o relatório da fiscalização a outros órgãos. À Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (SIT/MTE), bem como à Polícia Federal (PF), para apuração dos indícios de tráfico de pessoas. Os indícios de sonegação de tributos foram enviados às Receitas Federal e Estadual. Representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério Público Federal (MPF) também receberam o material.

Com informações da Repórter Brasil

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