Motoristas de ambulância de SP protestam contra baixos salários

Com salário de R$ 440,31, sem direito a 13º salário e férias, motoristas do Samu protestam em frente à prefeitura de São Paulo

Motoristas se concentraram em frente à prefeitura para reivindicar melhores condições de trabalho (Foto: Suzana Vier/Rede Brasil Atual)

Motoristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São Paulo paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (22) e protestaram em frente ao gabinete do prefeito Gilberto kassab (DEM) contra as más condições de trabalho e baixos salários. O estopim do protesto foi o fato de a prefeitura voltar atrás do pagamento do 13º salário e anunciar o desconto parcelado dos valores pagos.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) teria depositado por engano o 13º salário dos motoristas do Samu devido a falha de sistema e agora estuda uma forma de reaver o valor. Em nota, a secretaria diz que “o que foi pago indevidamente terá de ser restituído aos cofres públicos; o setor de recursos humanos da SMS está avaliando uma forma de desconto parcelado”. Segundo a secretaria está em andamento um concurso público para contratar 532 motoristas para o Samu.

“Dizem que por termos contrato por tempo determinado não temos direito a 13º salário, nem férias”, critica Elinaldo Clemente da Associação dos Motoristas Condutores de Ambulância do Estado de SP (Amcaesp). Os motoristas, que também são agentes de apoio durante os atendimentos, ganham R$ 440,31, de acordo com comprovantes de pagamento nas mãos de grande parte dos trabalhadores, presentes à manifestação.

Trabalhadores ouvidos pela reportagem da Rede Brasil Atual afirmaram que estão sem férias há três anos e não têm direito a folgas semanais. “Só descansamos uma vez por mês. No dia em que eles determinam. Nunca somos consultados”, descreve um deles que preferiu não se identificar.

protesto

Os relatos apontam um cotidiano sob pressão, em que se trabalha para salvar vidas, mas ganhando muito mal. Outro problema, segundo os manifestantes, é a falta de segurança e manutenção das viaturas, incluindo ambulâncias sem freio e com pneus carecas.

Clemente denuncia que equipamentos como oxímetro – medidor do nível de oxigênio no sangue –, apesar de instalados nas ambulâncias e de serem novos, não funcionam colocando em risco a saúde dos pacientes. “Oxímetros não funcionam, tem equipamento desnecessário nas ambulâncias, têm 80 motos paradas desde 2003 sem utilização”, critica.

Além de denúncias de má gestão dos recursos federais, pela prefeitura, os trabalhadores reclamam de assédio moral e descaso do coronel Luiz Carlos Wilke, diretor do Samu na capital paulista. “Ele nos oprime, ameaça de que vai nos substituir por bombeiros e policiais militares”, dispara.

Cerca de 450 motoristas reivindicam vinculação à secretaria Municipal de Saúde, aumento salarial e manutenção do contrato de trabalho.