Marcha da Classe Trabalhadora reúne 50 mil em Brasília

Centrais sindicais entregaram a pauta dos trabalhadores ao Congresso Nacional. Pediram pressa na apreciação do projeto de redução da jornada

Milhares marcharam em Brasília em defesa da pauta de reivindicações da classe trabalhadora (Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz)

A 6ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora reuniu 50 mil pessoas, em Brasília, nesta quarta-feira (11).

Trabalhadores da ativa e aposentados, do setor público e privado participaram de caminhada em defesa da aprovação do Projeto de Lei 01/07, que efetiva a política de valorização do salário mínimo; de um novo marco regulatório para o pré-sal, que garanta soberania nacional sobre a exploração e o uso dos recursos; atualização dos índices de produtividade da terra e aprovação da PEC 438/01 contra o trabalho escravo; ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT; aprovação do PL sobre a regulamentação da terceirização e combate à precarização nas relações de trabalho e redução da jornada sem redução do salário.

De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, a Marcha de 2009 ficará marcada pela intensa participação dos trabalhadores. Só da CUT, o dirigente estima que estiveram em Brasília 32 mil pessoas de todo o país. “Essa marcha foi muito mais participativa e confirma os resultados positivos das marchas”, avalia.

“Começamos na 1ª Marcha lutando pela valorização do salário mínimo, que foi aprovada pelo governo. Levantamos a bandeira da ratificação das Convenções da OIT e a 151 recebeu parecer favorável na Câmara, agora nossa mobilização é pela redução da jornada”, afirma Santos.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, “as marchas da classe trabalhadora garantiram importantes avanços como a política de valorização do salário mínimo. Entretanto, é preciso transformá-la em lei para manter esse direito independente do governo que esteja no poder”.

Às 12 horas, enquanto a marcha percorria as ruas de Brasília em direção à Esplanada dos Ministérios, os presidentes das centrais sindicais se reuniram com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para entregar a pauta de reivindicações da classe trabalhadora. Os sindicalistas pediram principalmente rapidez no processo de discussão e votação do projeto de redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salários.

“Essa marcha foi muito mais participativa e confirma os resultados positivos das marchas”, avalia Artur Henrique, presidente da CUT

Temer parabenizou a iniciativa dos trabalhadores e se comprometeu a criar uma comissão para conversar com as centrais e discutir o tema.

A CUT continua as atividades em Brasília com uma manifestação, nesta tarde, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o interdito proibitório e contra a criminalização dos movimentos sociais.

Segundo Santos, as centrais participam, ainda nesta quarta, de audiência com o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e aguardam agenda com o presidente Lula.

Colaboraram Elisângela Cordeiro e Isaías Dalle, direto de Brasília

 

Retrospectiva das marchas

2008 – 5ª Marcha da Classe Trabalhadora

Pauta: Desenvolvimento com valorização do trabalho.

Cerca de 35 mil pessoas foram às ruas de Brasília reivindicar dos poderes Executivo e Legislativo, defesa do emprego contra a crise econômica mundial,
ratificação das convenções 158 (contra demissão imotivada) e 151 (negociação coletiva no serviço público) da Organização Internacional do Trabalho (OIT), redução da jornada, fim do fator previdenciário.

Repercussão: Governo Federal divulgou medidas de proteção ao emprego que evitaram que o Brasil vivesse em 2009, o caos econômico e social presente em outros países já em 2008.

2007 – 4ª Marcha da Classe Trabalhadora

Pauta: Mais e melhores empregos, redução da jornada de trabalho sem redução de salários, combate à terceirização, ratificação da convenção 158 da OIT, o fortalecimento da seguridade social e das políticas públicas.

Aproximadamente 30 mil pessoas marcharam em Brasília pela pauta da classe trabalhadora.

Repercussão: Convenção 151 da OIT foi analisada na Câmara dos Deputados com parecer favorável. Seguiu para análise do Senado. Deputado Vicentinho encampou o combate à terceirização e apresentou projeto de lei na Câmara dos Deputados para impor limites à terceirização e proteger o trabalho formal.

2006 – 3ª Marcha da Classe Trabalhadora

Pauta: valorização do salário mínimo e correção da tabela do Imposto de Renda.

Contou com a participação de 20 mil trabalhadores.

Repercussão: Governo Federal criou uma política nacional de valorização do salário mínimo. Em 2009, as centrais sindicais lutam para transformar a valorização do mínimo em política de estado.

2005 – 2ª Marcha pelo salário mínimo

Pauta: valorização do salário mínimo, redução da jornada sem redução de salários e Revisão da Tabela do Imposto de Renda.

2004 – 1ª Marcha por salário mínimo digno, correção da Tabela do Imposto de Renda e Valorização dos Serviços Públicos

Cerca de três mil trabalhadores participaram das ações em Brasília.

Repercussão: Governo Federal elevou o valor do salário mínimo e concretizou a correção da tabela do Imposto de Renda.