São Paulo sedia evento sobre catadores de materiais recicláveis

Com presença do presidente Lula, ExpoCatadores debate formulação de políticas públicas que auxiliem a categoria

Para Eduardo Ferreira de Paula, os últimos dez anos marcam avanços para os catadores, mas faltam políticas públicas para o setor (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O fortalecimento das atividades dos catadores de materiais recicláveis é o principal foco da ExpoCatadores 2009, desta quarta-feira (28) até sexta-feira (30) em São Paulo. O evento vai mostrar as conquistas da categoria nos últimos anos, como a formação da Rede Latino-americana e Caribenha de Catadores, que tenta aumentar a integração regional.

Com presença do presidente Lula e de alguns ministros, os catadores querem avançar no debate sobre as conquistas futuras, como o direito à aposentadoria. Os organizadores esperam reunir 1.500 catadores do Brasil e de outros países da América Latina, e têm a expectativa de reunir 6 mil visitantes.

“Estamos apenas começando”, avisa Eduardo Ferreira de Paula, integrante da coordenação do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Ele entende que falta vontade política para melhorar as condições da categoria. “Na verdade, os catadores de todo o Brasil vêm trabalhando estes anos todos sem ter um pingo de reconhecimento. O que está acontecendo não é política pública, é apenas uma dívida do passado que os governos têm”, afirma.

Um dos pontos a serem debatidos é a entrada mais forte de empresas privadas convencionais no setor da reciclagem. Depois de anos com o setor dominado por cooperativas de catadores, as grandes empresas despertaram para uma atividade que movimenta bilhões ao ano.

Eduardo Ferreira de Paula vê com desconfiança a mudança de postura. “Setor privado só pensa no dinheiro, sem fazer nada no social. Vejo uma grande disputa de milhões e milhões e que quer lutar para acabar com a categoria dos catadores”, acusa.

Por isso, o encontro vai colocar frente a frente a iniciativa privada e as organizações sociais para que sejam debatidas alternativas para o setor. Além disso, a presença de agentes públicos é vista como fundamental para formular políticas que possam ser implementadas para a inclusão das organizações de catadores nos sistemas oficiais de coleta seletiva.