Mudança de atitude é fundamental para empreendimentos solidários

Evento em São Paulo aponta caminhos para superar a visão de subsistência

(Foto: Roberto Parizotti)

São Paulo – Inverter a lógica de suprir carências para a de desenvolver potencialidades é o grande desafio para incrementar a produção de empreendimentos solidários. Este foi o consenso nesta quinta-feira (29) durante o seminário sobre o tema produção, promovido pelo Conexão Solidária, mostra nacional de comercialização de produtos e serviços da economia solidária.

Como pano de fundo dessa transformação, está a mudança de postura e até de valores culturais dos trabalhadores envolvidos em empreendimentos solidários para que seus negócios possam prosperar.

“É preciso superar a dificuldade de passar de uma visão de subsistência para um patamar mínimo de acumulação; de uma cultura de subsistência, transitória, para uma economia de mercado e um projeto de vida permanente”, destacou o documento síntese do seminário. 

A mostra, promovida pela Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS) da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e aberta ao público, teve início quarta (28) e segue até sábado (31), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Reúne mais de 170 empreendedores, que estão expondo seus trabalhos em estandes, além de representantes do governo, de instituições bancárias, do movimento sindical e de instituições da sociedade civil.

Este seminário teve a participação de: Clemente Ganz Lúcio, coordenador técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas); de João Luís Trofino, presidente da Uniforja (Cooperativa Central de Produção e Trabalhadores em Metalurgia); Dione Soares Manetti, diretor do Departamento de Fomento à Economia Solidária do Ministério do Trabalho; Adoniran Sanches Peraci, secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário; e de Ademar Bertucci, diretor nacional da Cáritas Brasileira.

Para esta mudança de postura cultural, os participantes entenderam que é preciso persistência, criatividade e disposição para gerenciar o empreendimento. Mas avaliaram também que é preciso buscar capacitação, tanto para a gestão, como para o processo produtivo, e também graus mais elevados na educação formal, além de conhecimento tecnológico para incrementar a produtividade dos empreendimentos. Para isso, eles consideraram como necessária a intervenção do governo, para a oferta de educação profissional, assessoria técnica e créditos subsidiados para capital de giro, além de se criar laços com o mundo acadêmico para processos tecnológicos e de gestão.

Alternativa de subsistência

De acordo com levantamento da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho, há no país 22 mil empreendimentos solidários. Mas a grande maioria deles é voltada apenas para a subsistência dos trabalhadores, que têm dificuldades de produzir em volume suficiente para uma maior inserção no mercado. A comercialização também é um grande gargalo, por falta de experiências e assessoria.
A ADS, ao organizar o Conexão Solidária, pretende – com a exposição dos produtos – contribuir para a realização de rodadas de negócio entre empresários e empreendedores. E, com os seminários e oficinas temáticas diários que estão acontecendo durante o evento, debater alternativas para os três principais desafios da economia solidária: produção, comercialização e crédito.

Mais informações sobre o Conexão no site do evento.