Mais da metade dos empreendimentos solidários não tem acesso a crédito
“Os pequenos empreendimentos precisam de microcrédito e o sistema financeiro considera este tipo de financiamento como prejuízo”, analisou Singer (Foto: Roberto Parizotti) O Brasil avançou na concessão de créditos a […]
Publicado 30/10/2009 - 17h20
“Os pequenos empreendimentos precisam de microcrédito e o sistema financeiro considera este tipo de financiamento como prejuízo”, analisou Singer (Foto: Roberto Parizotti)
O Brasil avançou na concessão de créditos a empreendimentos solidários, mas nem de longe atende à demanda. A avaliação é de Paul Singer, secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego. Ele participou, nesta sexta-feira (30), em São Paulo, de seminário sobre os desafios do financiamento para este tipo de empreendimentos. Segundo ele, embora os bancos públicos tenham aberto linhas específicas de crédito para a economia solidária, 50% das demandas ainda não são atendidas.
“Os pequenos empreendimentos precisam de microcrédito e o sistema financeiro considera este tipo de financiamento como prejuízo”, analisou Singer. “Os bancos privados enxergam o dinheiro para empreendimentos solidários só como caridade”, destacou. A alternativa seria o fortalecimento das cooperativas de crédito, capazes de atender a maior parte das demandas dos empreendedores.
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O seminário desta sexta integra a programação do Conexão Solidária – 1º Mostra Nacional de Comercialização de Produtos e Serviços da Economia Solidária. O Conexão é promovido pela Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS) da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e será encerrado neste sábado (31), no Centro de Exposições Imigrantes.
Participaram ainda Paulo Odair Frazão, gerente da Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil; Guilherme Castanho Montoro, gerente da área social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Pablo Mancini, diretor do Sistema de Cooperativas de Crédito Rural; Arnaldo Liberato da Silva, diretor da Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão e Participação Acionária (Anteag); e Ângela Schwengber, do Departamento Sindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas (Dieese).
Foi consenso na mesa de que há ainda muitos desafios a serem vencidos e que ações articuladas através de cooperativas de crédito ou centrais de cooperativas de produção pode gerar um circuito de circulação de riquezas e aumento de consumo.
“O Brasil está atrasado na criação de sistemas solidários de financiamento, como cooperativas”, disse Singer. “Este atraso é decorrente da hostilidade que governos anteriores – desde o regime militar – tiveram em relação a este tipo de cooperativismo. Hoje, o país tem cerca de 1.500 cooperativas de crédito, mas é preciso 10 vezes mais”, destacou.
Ele reconhece, porém, que instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste se abriram para este novo setor da economia. “O Banco Central também mudou. E um exemplo é a que ele realizará, em novembro, o 1º Fórum Nacional de Inclusão Financeira”, revelou Paul Singer.