Diretora da OIT pede defesa de emprego e renda no pós-crise

Em evento de preparação para o 10º Concut, modelo de desenvolvimento com distribuição de renda e sustentabilidade são debatidos

Da esqueda para a direita, Ladislau Dowbor, Laís Abramo, Artur Henrique, João felício e Luiz Dulci, em debate preparativo para o 10º Concut (Foto: Roberto Parizotti)

Um novo modelo de desenvolvimento, baseado no emprego, na distribuição de renda e na sustentabilidade. Este foi o entendimento comum do debate O desenvolvimento necessário pós-crise, realizado na tarde desta segunda-feira (3) no Expo Center Norte, em São Paulo (SP). Organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o debate foi o primeiro da programação do seminário internacional Crise e Estratégias Sindicais, que segue até esta terça-feira e precede o 10º Congresso Nacional da CUT (Concut).

“O atual modelo mostra uma deformação no modo como se utilizam os recursos”, ponderou o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Ladislau Dawbor. “Hoje, o PIB mundial é de US$ 60 trilhões, e só os 20% mais ricos detêm nada menos que 83% do total destes recursos”, afirmou. Dawbor considera ainda que é necessário buscar um modelo de desenvolvimento que tenha como objetivos a sustentabilidade e a preservação e recuperação do meio ambiente.

Laís Abramo, diretora do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT), avalia que a crise é resultado do processo de globalização da economia, que já penalizava os trabalhadores. “Existia uma crise de emprego desde 2007, quando havia 195 milhões de desempregados no mundo. E metade dos que trabalhavam eram pobres”, avalia.

Ela acrescenta que a OIT defende que é preciso rever os fundamentos do atual modelo econômico. “Não se trata apenas de salvar o mercado financeiro, mas sobretudo o emprego e a renda. Por isso, não podemos voltar ao status quo anterior à crise”, complementou.

Para o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República Luiz Dulci, os efeitos da crise não foram tão nocivos no Brasil, porque o país conseguiu superar várias dicotomias e aliar o crescimento econômico com o social. O principal instrumento para isso, segundo ele, são programas de distribuição de renda, que ajudaram a fortalecer o mercado interno.

“Desde setembro de 2008 – quando eclodiu a crise internacional –, o governo tomou uma série de medidas que ajudaram a minimizar os impactos no Brasil”, adiciona Dulci. “É o caso da concessão de créditos aos setores produtivos, da redução da taxa de juros e do aumento dos gastos sociais”, afirma o ministro.

Congresso

O 10º Congresso Nacional da CUT será aberto oficialmente nesta terça-feira (4) à noite, também no Expo Center Norte. O evento deve reunir 2.500 delegados de todo o país para debater ações sindicais para os próximos três anos, além de eleger a nova direção da entidade. O Concut se encerra nesta sexta-feira (7).