Bancários pedem pisos maiores e nova fórmula de PLR

Categoria conta com discurso dos próprios bancos de que setor financeiro já superou a crise para reivindicar 5% de aumento acima da inflação

Bancários acreditam em reajuste acima da inflação, elevação diferenciada de pisos e uma nova fórmula de participação de lucros e resultados (PLR). Os trabalhadores do setor estão em campanha salarial e têm data-base em 1º de setembro. Dirigentes sindicais avaliam que a crise econômica não deve ser um empecilho para que as reivindicações sejam atendidas.

“Se tem um setor que não pode se esconder atrás da crise é o financeiro”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Os bancos passaram por várias crises sem problemas. Nesta, estão mais fortalecidos do que entraram”, constata. O principal indicador desse fenômeno é que os seis maiores bancos têm 14 bilhões de lucro ao ano, em média.

Como a origem da crise financeira foi o sistema bancário internacional, especialmente envolvendo a bolha de crédito imobiliário ampliada pelos produtos estruturados – como derivativos de crédito negociados em bolsas de valores – as instituições brasileiras e o próprio Banco Central trataram de afirmar a solidez do mercado. A avaliação é de que as empresas consideram importante corroborar com a ideia de que a crise foi superada.

“Os resultados dos bancos continuam apontando ganhos elevados, puxados pelas operações de crédito, serviço feito pelos bancários”, sustenta Luiz Cláucio Marcolino. “As perspectivas das instruções financeiras são de que o crédito continue em expansão neste segundo semestre. Também elevaram suas projeções de crescimento do PIB. Esse otimismo tem de se tornar realidade na mesa de negociação por meio real de salários e de um PLR mais justa, afinal, os trabalhadores continuam fazendo a parte deles”, disse Luiz Cláudio Marcolino. 

Na prática, as primeiras negociações mostraram as primeiras dificuldades. Na quinta-feira (27), a Federação Nacional dos Bancos não aceitou as demandas dos sindicatos relacionadas à garantia de emprego.

Desde 2008, três fusões trouxeram o tema da proteção do emprego ao centro da pauta. Itaú e Unibanco, Banco do Brasil e Nossa Caixa e Santander e Real possuem 230 mil bancários em seus quadros, metade do contingente de todo o país. Apesar de haver 160 bancos registrados no Banco Central e em funcionamento, os seis maiores concentram a maior parte dos mercados. “Temos de lutar para que as fusões sejam boas não só para as empresas, mas para a sociedade, reduzindo juros, e para os trabalhadores, mantendo o emprego”, defende Cordeiro.

A categoria acredita que é possível conquistar aumento real, feito alcançado dos últimos cinco anos. Com inflação estimada na casa de 5%, a reivindicação é de outros 5%, de aumento real (10% no total). Outro ponto é a elevação dos pisos salariais da categoria. A reivindicação é do salário mínimo necessário, aferido pelo Dieese, calculado em R$ 1.994,82 em julho de 2009. Além disso, há demandas relacionadas às condições de saúde no trabalho, com combate ao assédio moral e metas abusivas. 

PLR

No caso da PLR, a demanda é de uma fórmula mais simples de cálculo, três salários mais R$ 3.850. A questão foi tema de cinco rodadas de negociação prévias ao início da campanha. Isso porque a fórmula em vigor na convenção coletiva trabalha com padrões diferentes para bancos com aumento de lucratividade superior a 15% ao ano. Como havia a possibilidade de taxas de lucro menores, a fórmula proposta pelos sindicatos garantiria valores maiores.

As entidades criticam os bancos por divulgar balanços diferentes, com taxas de lucros bruta, recorrente, pró-forma, entre outras, o que dificulta a comparação com o ano anterior.

Leia também

Últimas notícias