Ministério do Trabalho atualiza lista suja do trabalho escravo

Grandes usinas de cana-de-açúcar foram reinseridas no cadastro

Novos produtores da fronteira agrícola são adicionados na lista suja do trabalho escravo. Criadores de gado bovino e fazendeiros de soja e algodão que atuam em áreas de expansão, como o Oeste da Bahia, foram incluídos na atualização do cadastro do Ministério do Trabalho. 

O cadastro aponta 175 empregadores flagrados na exploração de pessoas em condições análogas à escravidão. A atualização semestral confirmou 17 inclusões, 13 pela primeira vez e quatro após suspensão de liminares que as mantinham fora da lista e 35 exclusões.

Quem aparece na relação tem as portas fechadas para crédito público federal e ainda passa a sofrer restrições comerciais das centenas de empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.

Entre os incluídos, há grandes fazendeiros de gado bovino da Amazônia, do Norte do Mato Grosso e Eldorado dos Carajás, no Pará. Grandes usinas de cana-de-açúcar que já fizeram parte lista suja, também foram reinseridas no cadastro.

Na opinião de Xavier Plassat, da Campanha de Combate ao Trabalho Escravo, da Comissão Pastoral da Terra, o agronegócio avança praticamente sem controle provocando problemas ambientais e disseminando o desrespeito ao trabalhador em duas grandes frentes de avanço da fronteira agrícola.

“Um ponto muito importante que nos conduz a relacionar a ocorrência do trabalho escravo com essa liberdade total do avanço do agronegócio. E ai nos leva a organizar campanha para que governo, bancos e poder público coloquem condicionalidades para evitar esse avanço indiscriminado e todas as mazelas que lhe comporta de trabalho escravo e desmatamento.”

Xavier acredita que a lista suja é útil para inibir as ações dos maus patrões.
“Tem um efeito prático persuasivo, eu acho que empregadores temem ter seu nome na lista suja porque eles sabem que com isso o negócio vai ser muito mais difícil pra eles.”

A lista suja do trabalho escravo no Brasil pode ser acessada nos sites do Ministério do Trabalho: www.mte.gov.br e da agência de notícias Repórter Brasil: www.reporterbrasil.com.br.