Campanha dos metalúrgicos serve de exemplo para o país

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, destaca em artigo a importância da campanha salarial da categoria para o país. No último dia 24, os metalúrgicos entregaram […]

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, destaca em artigo a importância da campanha salarial da categoria para o país. No último dia 24, os metalúrgicos entregaram na Fiesp suas propostas. Confira abaixo:

Campanha salarial a ser seguida pelo Brasil

A campanha salarial dos metalúrgicos está nas ruas do ABC e de todo o Estado. Tão importante quanto a mobilização e a luta empreendidas sob os signos da democracia e da solidariedade é o fato de a campanha na Região ter-se tornado parâmetro a ser perseguido pelo movimento sindical do restante do País. Um exemplo vitorioso para a conquista de aumento real, renda e direitos sociais.

Em 2008, os Metalúrgicos do ABC se mobilizaram em assembléias, paralisações e greves para conquistar o melhor índice de aumento real da categoria nos últimos 20 anos, e o melhor do País (11,02%). Porém, atingir os dois dígitos não foi fácil nem resultado do reconhecimento patronal de números extraordinários de produção e venda.

Ao contrário. Apesar de a campanha salarial ter acabado antes da crise financeira internacional virar notícia e de, à época, as empresas comemorarem recordes de faturamento, os patrões endureceram. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a militância tiveram de suar a camisa para arrancar a parte que nos cabia de fato e de direito.

Negociações difíceis em ano aparentemente fácil que mais uma vez provaram que campanha salarial nunca é tranquila, nem quando a economia vai bem. Pois apenas uma pequena parcela do empresariado brasileiro pode ser chamada de moderna e, mesmo essa parcela, tem dificuldades em entender que salário não é custo. É investimento.

Essas dificuldades ainda frescas na memória nos levam a prever muitas pedras no caminho da campanha salarial deste ano. A adversidade, no entanto, não é novidade para os Metalúrgicos do ABC. Ela faz parte da nossa história e nos forjou o que somos: uma classe trabalhadora organizada e, acima de tudo, guerreira e solidária.

Por tudo isso, os Metalúrgicos do ABC nem cogitam iniciar uma negociação com índice abaixo da inflação acumulada no período. A categoria sabe que emprego e renda são fundamentais para colocar a última pá de cal sobre a crise e retomar a rota do crescimento econômico.

O mercado interno é o caminho porque já provou ser o movente da recuperação em curso, sustentada por medidas rápidas e eficientes do governo federal, como a manutenção da redução do IPI para o setor automotivo e outros setores.

O trabalhador também é consumidor e sem emprego e renda ele não consome, sem consumo não há vendas, sem vendas a produção estagna e o País não cresce. Se o Brasil vem de cinco anos consecutivos de números econômicos positivos muito se deve ao crescimento da classe média e, sobretudo, à recuperação e ao aumento do poder de compra dos salários.

O metalúrgico do ABC precisa ser bem remunerado para poder comprar o bem que produz. O caminho do crescimento é dinheiro na mão da classe trabalhadora para aumentar o consumo e fazer a economia girar. Neste momento de turbulência econômica, o sucesso da campanha salarial dos metalúrgicos não é somente importante para o ABC, mas também para todo o País. O Brasil inteiro vai olhar para nós.

Sérgio Nobre é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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