Contra demissões, trabalhadores de alimentação querem Cade “social”

Ideia apresentada em Curitiba será levada até o fim do mês ao Congresso

As entidades filiadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação consideram que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), órgão ligado ao Ministério da Justiça, leva em conta apenas os aspectos financeiros envolvidos, como a concentração de mercado, na hora de avaliar fusões.

O encontro em Curitiba foi motivado pela união de Perdigão e Sadia na Brasil Foods, ação que na avaliação da CNTA pode gerar a perda de 10 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos. Além disso, os sindicatos do setor de alimentação consideram que os consumidores serão prejudicados pela falta de concorrência entre os frigoríficos.

O presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo, afirmou à Rede Brasil Atual que é preciso “defender uma proposta para que seja criado um órgão tripartite para que, sempre que houver uma fusão ou a aquisição de empresas, esse órgão possa proteger os trabalhadores”. A entidade quer articular encontros com deputados e senadores e pretende realizar um debate em um auditório da Câmara em duas semanas.  

No caso da Brasil Foods, os sindicatos avaliam que deve haver fechamento de vagas nos pontos em que há frigoríficos das duas empresas próximos geograficamente, como no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso. Outro ponto em que a CNTA estima a perda de postos é o setor logístico. Já que a criação do novo órgão, se houver, vai levar algum tempo, Artur Bueno de Camargo espera ser recebido pelos integrantes do Cade para discutir a fusão. Em Toledo, no Paraná, os trabalhadores da fábrica da Sadia já vinham perdendo o emprego – foram mais de mil vagas fechadas desde dezembro do ano passado.