Bancos fecham 1.354 postos de trabalho no 1º trimestre

Estudo do Dieese aponta que demissões se concentram nos maiores salários. Sindicalista aponta que bancos privados foram os que mais demitiram

Foram fechados 1.354 postos de trabalho no setor bancário no primeiro trimestre de 2009. Levantamento elaborado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) constatou uma inversão da tendência de 2008, quando 3.139 novas vagas foram criadas. De janeiro a março deste ano, 8.236 bancários foram dispensados diante de apenas 6.882 contratações.

Os dados foram colegados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e compõem a primeira edição do estudo, cuja periodicidade será trimestral.

“Enquanto os lucros aumentam progressivamente mesmo durante a crise, as empresas financeiras estão reduzindo custos com fechamento de postos de trabalho e ainda com a alta rotatividade da mão-de-obra, demitindo bancários com salários mais altos e contratando funcionários com remuneração inferior”, critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. Ele lembra que os 50 maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 7,5 bilhões só no primeiro trimestre deste ano.

A entidade avalia que as demissões estão concentradas nos principais bancos privados do país. Como o Caged não publica dados por empresa, a análise parte do princípio de que 80% dos postos de trabalho estão concentrados em seis bancos, dos quais dois são públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal). Como as instituições públicas, se contabilizadas separadamente, tiveram saldo positivo e a maior parte das demissões ocorreu no Sudeste, o fechamento das vagas têm relação com as fusões de Itaú-Unibanco e Santander-Real. O resultado contraria, na avaliação de Cordeiro, compromissos de manutenção de empregos firmados entre bancos e trabalhadores.

Renda menor

O estudo identificou que a a maior quantidade de afastamentos incide principalmente em duas faixas: até dois anos de emprego, onde se concentram 30% das demissões, e com dez anos ou mais, com 25% do total dos desligamentos. Os cortes dos trabalhadores com mais tempo de casa representam demissões de pessoas com os rendimentos mais altos. Isso significa que, além de haver menos emprego no setor, a remuneração média também ficou menor.

Os desligados no primeiro trimestre recebiam remuneração média de R$ 3.939,84. Já os contratados têm remuneração média de R$ 1.794,46, o que representa uma diferença de 54,45% – menos da metade. A distância é 20 pontos percentuais maior do que a constatada em 2008. 

O levantamento aponta ainda que 60% dos demitidos possuem ensino superior completo.

Em termos regionais, sudeste e sul, que concentram o maior número de bancários, tiveram os saldos piores (1.255 e 329 negativos). Já as regiões norte, centro-oeste e nordeste tiveram um pequeno saldo positivo de ocupações.