Metalúrgicos da Cosipa se mobilizam para impedir demissões

Apesar dos lucros do grupo Usiminas nos últimos quatro anos e dos investimentos recebidos do BNDES, demissões foram anunciadas de forma arbitrária, criticam sindicalistas

Depois de um fracassado plano de incentivo a demissões voluntárias, a Companhia Siderúrgica Paulista ameaça dispensar mais de oitocentos empregados nesta segunda-feira. É a segunda leva de demissões na empresa desde janeiro, quando outros quatrocentos empregados foram cortados.

A Cosipa faz parte do Grupo Usiminas, que em 1991 foi privatizado pelo governo Collor. As demissões devem acontecer nas unidades da Baixada Santista, em São Paulo, e Ipatinga, em Minas Gerais.

A ameaça de corte mobilizou o sindicato de trabalhadores metalúrgicos do litoral paulista, que correm contra o tempo para reverter as demissões.

Segundo o representante do sindicato da categoria, Marcos Paulo de Souza, as demissões são injustificadas, já que o sistema Usiminas é o grupo que mais recebeu investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos anos.

A empresa recebeu, segundo o dirigente, recursos da ordem de R$ 12 bilhões para a construção de uma nova usina siderúrgica em Santana do Paraíso, vizinha a Ipatinga, e ampliação em Cubatão. “É muito investimento, o que significa que você está pegando dinheiro emprestado e você está ampliando sua capacidade produtiva. Se você vem a dispensar funcionário é no mínimo um contrasenso.”

Marcos Paulo de Souza também é empregado da Cosipa há 17 anos e afirma que a empresa não quis negociação com os trabalhadores. No final da tarde desta segunda-feira (25), os empregados da Cosipa se reúnem na sede do sindicato para decidir se haverá paralisação na empresa por conta dos cortes.

Desculpa da crise

O novo coordenador da CUT na Baixada Santista, Francisco Nogueira, classifica as demissões como arbitrárias, já que em 2008 a empresa lucrou mais de três bilhões de reais.

“Foi um alerta de que tem que mobilizar os trabalhadores, porque nos últimos quatro anos, a Usiminas ganhou muito dinheiro, exportando aço para o mundo todo”, critica. “No momento de crise, agora, ela simplesmente quer mandar embora”, lamenta.

Francisco Nogueira, da CUT, também afirma que a Usiminas utiliza mais uma vez a desculpa da crise financeira para promover cortes.