Pastores divulgam carta contra Feliciano; PSC pode rever indicação para CDHM

Mais de 150 líderes evangélicos de todo o país fizeram circular documento em que rebatem acusações de que oposição ao nome do deputado seja 'cristofobia'

Jovens protestam contra Feliciano em Ribeirão Preto (Foto: Célio Messias/Folhapress)

São Paulo – Pastores evangélicos divulgaram ontem (11) uma carta aberta contra a posse do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. O religioso assumiu a liderança do colegiado na última quinta-feira (7) depois que um acordo entre as maiores bancadas garantiu ao seu partido o direito de dirigi-lo. Deputados do PT, PSOL e PSB historicamente ligados aos direitos humanos reagiram contra a ascensão de Marco Feliciano e deixaram a sessão que o elegeu. Protestos contra o deputado pipocaram na internet e nas ruas no último fim de semana. Ontem à noite, ao participar de um culto em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Feliciano voltou a enfrentar manifestações contra ele.

“O quadro que assistimos no processo de eleição da presidência da comissão foi desolador. Não se trata aqui de pré-julgar o presidente recém-eleito, mas não há como desconsiderar seus vários comentários públicos sobre negros, homossexuais e indígenas, declarações que inviabilizam a sustentação política de seu nome entre os que atuam e são sensíveis às temáticas dos direitos humanos”, argumenta a carta dos religiosos, que conta com mais de 150 assinaturas e está sendo divulgada pela Rede Fale – organização que congrega várias correntes evangélicas e que já na semana passada começara uma campanha contra a indicação de Feliciano.

“O ano de 2013 pode trazer avanços nos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos e por isso fazemos este apelo aos líderes das igrejas que apoiaram os parlamentares evangélicos. Nosso pedido, aliás, se junta à conclamação de vários setores da sociedade e perpassa não somente movimentos ligados às lutas de minorias, mas também a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e diferentes indivíduos e organizações”, continua a carta. Os pastores também fizeram questão de rebater as críticas de Feliciano a seus opositores. O religioso tem dito que um sentimento anticristão ou antievangélico tem feito com que setores da sociedade se coloquem contra sua indicação para presidir o grupo.

Reavaliação

“Cumpre discernir que não há uma perseguição aos evangélicos; há, sim, uma situação de conflito que precisa ser equacionada, especialmente porque, para nós, o compromisso do Evangelho com os mais pobres e vulneráveis é central”, esclarecem os pastores. “Ainda há tempo para a indicação de um novo parlamentar que, a despeito de suas convicções, traga pacificação e consenso à sociedade brasileira, presidindo a comissão com a isenção esperada. É tempo para nova disposição, numa postura aberta, a fim de que seja viável a indicação pelo PSC de um outro nome, que não possua tamanha rejeição.”

Ontem o líder da bancada do PSC na Câmara, deputado Andre Moura (SE), afirmou em nota que o partido fará uma reunião na tarde de hoje para avaliar as reações favoráveis e contrárias à indicação de Feliciano. 

“A discussão saiu totalmente do campo político e se transformou numa batalha de interesses contrariados”, disse o parlamentar. “Sinto que é preciso dialogar. Temos plena confiança que deputado Feliciano desempenhará o cargo com eficiência e respeito a todas as correntes de opinião. Contudo, a Câmara e o PSC precisam estar em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira.”

A RBA não conseguiu falar com Andre Moura. Sua assessoria confirmou que, por enquanto, a discussão sobre a permanência ou não de Feliciano na presidência da comissão não está em pauta. O que o PSC vai avaliar durante a reunião seriam as reações da sociedade, não a indicação do parlamentar. 

Na semana passada, o líder do partido afirmou que, como o PSC havia conseguido o direito de presidir a comissão, a escolha do parlamentar para o cargo competia apenas à sigla.

 

Leia também

Últimas notícias