Encontro ‘areja’ partido e dilui divisão por tendências

Brasília – O verbo “arejar”  foi conjugado de diferentes formas por representantes das diversas tendências petistas para expressar o resultado da mudança estatutária aprovada no 4ª Congresso do Partido dos Trabalhadores […]

Brasília – O verbo “arejar”  foi conjugado de diferentes formas por representantes das diversas tendências petistas para expressar o resultado da mudança estatutária aprovada no 4ª Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT). “Houve um arejamento da democracia interna, com reforço dos mecanismos já existentes e criação de novas formas de renovação”, comemorou ao final o secretário-geral do partido, Elói Pietá. Ele se referia ao Processo de Eleições Diretas (PED) – cuja extinção, proposta por tendências mais à esquerda, foi recusada em plenário – e a novidades como a cota de 50% para mulheres nas direções do partido.

Pietá também destacou a unidade interna da sigla em relação aos principais temas políticos da atualidade. O resultado foi uma discussão amena, para os padrões petistas, sobre o documento de conjuntura política. “Nossa pauta é a do desenvolvimento econômico, com distribuição de renda, atacando as desigualdade sociais e fazendo as reformas estruturais que o Brasil precisa para continuar crescendo de uma forma mais justa”, resume o deputado federal Jilmar Tatto (SP).

Fim do crachá

Um detalhe técnico influenciou as votações, segundo alguns dos participantes. Foi o primeiro encontro do partido em que os delegados não votavam erguendo o próprio crachá. Uma máquina de votação eletrônica, do tamanho de uma pequena calculadora, foi distribuída a cada um dos delegados. Na prática, o sistema eletrônico tornou o voto secreto. “Numa votação, quando um Zé Dirceu não levantava o crachá, você já pensava duas vezes se ia mesmo levantar o seu”, recordou um dos participantes.

Tenha ou não um efeito psicológico o uso do artefato, o resultado geral representou vitória de propostas defendidas por correntes minoritárias. Um exemplo é a limitação da reeleição para deputados e senadores petistas, apresentada pela Articulação de Esquerda (AE). Algumas das principais lideranças da tendência majoritária, Construindo um Novo Brasil, defenderam o voto contra, mas a proposta acabou aprovada. “Ou não estavam com posição fechada previamente em relação a alguns temas, ou essa posição não foi seguida por todos os delegados da corrente”, avalia Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do partido. Para ele, representante da AE, houve um “deslocamento à esquerda” no partido, com “arejamento da democracia interna”.