Venezuela desvaloriza moeda e reduz distância entre câmbio oficial e paralelo

O dólar passará a valer 6,30 bolívares depois do carnaval, mas nas ruas a taxa de câmbio vai dos 10 aos 20 bolívares; governo controla compra e venda de moeda estrangeira desde 2003

Ministro do Planejamento e Finanças, Jorge Giordani, diz que medidas obedecem a determinações de Chávez (Foto: Ministerio de Comunicaciones)

Caracas – O governo da Venezuela desvalorizou na noite de ontem (8) a moeda do país frente ao dólar. A divisa norte-americana passará de 4,30 bolívares para 6,30 bolívares a partir da próxima quarta-feira, dia 13, quando se acaba o carnaval. A intenção das autoridades venezuelanas é aumentar o controle sobre a inflação, que beira os 20%, proteger as reservas internacionais do país e garantir uma taxa de crescimento entre 5% e 6% do PIB em 2013.

Ao contrário do que ocorre no Brasil, a taxa de câmbio na Venezuela não é flutuante: são o Banco Central e o Ministério de Planejamento e Finanças quem os determinam por meio da Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), única instituição que está autorizada a comprar e vender dólares dentro das fronteiras venezuelanas. Cada venezuelano pode possuir uma cota máxima de 2 mil dólares em contas bancárias e, quando vai viajar para o exterior, pode trocar um máximo de 300.

No entanto, existe um país um amplo comércio de moeda estrangeira, que em teoria é ilegal, mas se dá em variados espaços: praças, táxis, aeroportos, casas de família, hotéis etc. É o chamado câmbio paralelo, que pode chegar a 20 bolívares por dólar – muito mais vantajoso para quem deseja vender a moeda estrangeira.

A desvalorização de ontem é a quinta imposta pelo governo ao dólar desde 2003, quando o presidente Hugo Chávez, após sofrer uma tentativa de golpe de estado e assistir à desestabilização da economia venezuelana, passou a controlar o câmbio no país. Devido às incertezas políticas da época, o dólar havia dobrado seu valor em menos de um ano, passando de 0,76 para 1,40 bolívares.

De acordo com o vice-presidente da República, Nicolás Maduro, que liderou um conselho de ministros transmitido ao vivo pela tevê estatal VTV ontem, o objetivo da nova desvalorização é “dar estabilidade à moeda, combater a especulação perversa que é uma das expressões da guerra econômica que existe contra a Venezuela e proteger a economia e o povo”. Também destacou que a medida visa “atacar os vícios que surgem e os fenômenos perturbadores, como o dólar paralelo que prejudica a economia”.

Além da desvalorização do bolívar, o governo anunciou outras mudanças na gestão cambiária do país com a criação do Órgão Superior para a Optimização do Sistema Cambiário. O ministro de Planejamento e Finanças, Jorge Giordani, explicou que as mudanças se enquadram na “guinada” na revolução bolivariana proposta pelo presidente Hugo Chávez no último mês de outubro, e mostrou sua assinatura num ofício com todas as novas determinações.

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