Na posse, Cristina Kirchner pede pressa em julgamento de agentes da ditadura

Ao tomar posse para mais quatro anos de mandato, ela emocionou-se ao lembrar do antecessor e marido, Néstor Kirchner, morto em 2010

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, tomou posse para seu segundo mandato neste sábado (10). Ela ficará no poder até 2015. Em um discurso de posse de uma hora, ela pediu rapidez no julgamento de violações de direitos humanos promovidas durante a ditadura militar no país (de 1976 a 1983) por agentes a serviço do governo autoritário.

“O que peço à Justiça de meu país é que o próximo presidente possa virar a página trágica de nossa história”, disse. O país sul-americano vem promovendo inquéritos contra torturadores e militares que comandaram violações de direitos humanos no período.

Desde 2003, no início do governo de Néstor Kirchner, antecessor e marido de Cristina, a Argentina colocou em prática uma política de direitos humanos dedicada a revogar dispositivos como a as leis de Obediência Devida e Ponto Final. As normas protegiam torturadores, a exemplo da Lei de Anistia brasileira, de 1979. Até o momento, foram 1.774 repressores processados, com 210 condenações e 273 denúncias aceitas pelo Judiciário. Outros 700 têm inquéritos em processo. Houve ainda 17 absolvições, 39 foragidos e 278 falecidos.

No discurso, Cristina Kirchner emocionou-se ao citar Néstor Kirchner. E afirmou estar no cargo representando os “40 milhões de argentinos” e não “as corporações”. Em seu governo “há o direito de greve, mas não de chantagem e extorsão”, disse. A presidenta agradeceu aos argentinos que “acreditaram no projeto coletivo” e lhe garantiram uma vitória ampla nas urnas, em outubro. Mesmo assim, ela prometeu trabalhar “com todos e por todos sem deixar as convicções (de lado)”.

Depois de ter anunciado a manutenção da maioria dos ministros no cargo, na quinta-feira (8), Cristina Kirchner anunciou a criação de uma Secretaria de Comércio Exterior dentro do Ministério da Economia. O órgão irá operar junto da Secretaria de Comércio Interior. Para ela a busca de competitividade será um dos principais desafios do próximo período.

Nos últimos dez anos, desde a crise econômica e política, conhecida como “Corralito”, a Argentina viveu um período de crescimento contínuo e diminuição da pobreza. Programas sociais e voltados à juventude nos últimos anos são considerados chave para explicar a vitória eleitoral ampla. As divisões da oposição e a habilidade de Cristina Kirchner para articular setores tradicionais do peronismo com grupos afastados de política contribuíram para o desempenho.

Chefes de Estado e de governo de diversos países acompanharam a posse. A presidente brasileira, Dilma Rousseff, foi uma delas. Os mandatários do Uruguai, José Mujica, da Bolívia, Evo Morales, do Paraguai, Fernando Lugo, e do Chile, Sebastián Piñera, também estiveram presentes.

Com informações da Agência Brasil

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