Brasil vai apoiar criação de Estado palestino na Assembleia Geral da ONU

Para a autoridade palestina a votação na ONU foi o caminho que restou para a criação do Estado (Foto: Rick Bajornas/ UN Photo) São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff […]

Para a autoridade palestina a votação na ONU foi o caminho que restou para a criação do Estado (Foto: Rick Bajornas/ UN Photo)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff vai abrir a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na próxima quarta-feira (22) manifestando apoio ao reconhecimento do Estado palestino, em debate nesta semana no Conselho de Segurança. A informação, que ainda não havia sido confirmada pelo Itamaraty, foi ratificada pelo assessor especial da Presidência da República na área internacional, Marco Aurélio Garcia.

“Somos um em 200, mas pode ter certeza de que o reforço ao reconhecimento da Palestina e à criação do Estado na abertura da Assembleia Geral, durante o discurso da presidente, será de extrema importância”, disse Garcia em Nova York, de acordo com o Correio Braziliense.

No programa semanal de rádio Café com a Presidenta, Dilma não comentou o assunto, e fez apenas menções rápidas às atividades que terá em Nova York. Nesta quarta-feira (21), Dilma passará a ser a primeira mulher a abrir os trabalhos da Assembleia Geral. “Vou falar em nome do Brasil para chefes de Estado dos 193 países que vão participar dessa Assembleia Geral. Vamos discutir temas importantes, como o papel da mulher no mundo, a transparência nas ações dos governos, o combate a doenças crônicas, como a diabetes e a hipertensão arterial, e ainda vamos falar sobre a crise econômica mundial”, comentou.

Em dezembro do ano passado, o Brasil reconheceu o direito dos palestinos à criação de um Estado respeitando as fronteiras estabelecidas pelo acordo de 1967 com Israel, e foi uma das primeiras nações a aceitar que a representação diplomática palestina tivesse status de embaixada. 

O Conselho de Segurança deve votar, nesta semana, a proposta apresentada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), que conta com o rechaço de Israel e, portanto, deve ser vetada por seu principal aliado, os Estados Unidos. A Casa Branca tenta costurar um acordo para não sofrer uma derrota moral no órgão máximo de governança global. Para isso, busca apoios para que o reconhecimento do Estado palestino não tenha o aval de nove dos 15 integrantes, o que seria, em termos numéricos, o suficiente para aprovação, inviabilizada unicamente pela objeção norte-americana – apenas cinco membros do Conselho têm poder de veto.

Estados Unidos, Israel e Palestina reconhecem os possíveis efeitos negativos da votação. Uma recusa pode desencadear atos violentos no Oriente Médio. De um lado, a argumentação é de que a criação do Estado só pode ser obtida pelo avanço nas negociações bilaterais. De outro, os palestinos veem pouca vontade dos israelenses em progredir nas conversas, e entendem que a ONU é o caminho que restou, embora isso tenha efeitos nas relações com o vizinho. 

“Decidimos tomar essa medida e instaurou-se o caos contra nós”, declarou Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que demonstrou ciência de que a relação com os Estados Unidos e com alguns países europeus se verá afetada. “Até que ponto, saberemos depois.”

Parlamentares norte-americanos prometem trabalhar para derrubar o apoio anual de 500 milhões de dólares oferecidos aos palestinos, uma medida contestada até mesmo por grupos pró-Israel, que entendem que isso só fará aumentar a crise econômica regional, um convite a uma escalada de violência. 

O gabinete israelense, por sua vez, adotou o discurso oficial de que a criação do Estado palestino tem como objetivo o fim do Estado judeu. “Acredito que ao final, quando a poeira baixar, depois de tudo o que ocorre na ONU, finalmente os palestinos voltarão à razão – essa é a minha esperança – e abandonarão estas manobras que tentam se esquivar das negociações e se sentarão à mesa”, afirmou no domingo (18) o  primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.