Temendo crise longa, governo fala em ‘blindar’ Brasil ante perigo externo

Dilma acredita que país tem condição de reduzir impacto da instabilidade internacional

Guido Mantega, ministro da Fazenda, segue de perto a crise financeira mundial (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agência Brasil)

São Paulo – Membros do primeiro escalão do governo federal reconheceram, nesta terça-feira (16), que a crise econômica internacional pode se prolongar, mas que o Brasil pode evitar os principais efeitos da instabilidade. A presidenta Dilma Rousseff afirmou que o país não está imune, mas acredita que é possível “blindar” a economia nacional. 

“Podemos, cada vez mais, nos blindar e fazer com que nosso processo de crescimento signifique necessariamente um processo de elevação da nossa atividade econômica e do número de empregos”, disse ao anunciar a expansão da Rede Federal de Educação Superior e Profissional Tecnológica, em Brasília. A aposta é de que os investidores confiam no desempenho do país por fatores como o volume de reservas internacionais e pela regulamentação do sistema financeiro.

Na prática, o governo adota, desde o fim de 2010, medidas “macroprudenciais” para conter a expansão do crédito. Adotada com o intuito de conter a inflação, caso haja um esfriamento excessivo da economia brasileira, o governo poderia reverter a decisão, liberando mais recursos para os bancos usarem em empréstimos às empresas e às famílias.

“Temos de ter a consciência do que significamos hoje em um mundo com baixas oportunidades, que enfrenta turbulências que vão desde a revolta de jovens nas ruas até problemas sérios em sistemas financeiros e fiscais. Eles (os investidores) sabem que o Brasil tem baixo risco de contágio. O mundo não desconhece nossa situação”, disse Dilma.

A preocupação também foi expressa pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao presidente da Comisssão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). Segundo o senador, a administração federal trabalha com o cenário de uma crise econômica mundial de longa duração. Países da União Europeia podem aplicar medidas recessivas – cortes de gastos públicos, incluindo programas sociais e aposentadorias, prolongando o período sem crescimento econômico – para lidar com a crise da dívida pública.

Equipe econômica no Congresso

Mantega deve comparecer ao Senado na próxima terça-feira (23) para participar da abertura de um ciclo de debates sobre a crise econômica internacional promovido pela CAE. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, também participará dos debates.

Outro nome central na definição da política econômica do governo, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, recebeu parlamentares nesta terça. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela (MG), disse que Tombini mostrou-se otimista com a trajetória da inflação e com o atual nível de emprego. 

A assessoria de imprensa do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) informou que a reunião “restringiu-se a uma exposição feita por técnicos do banco sobre a situação econômica do país diante da crise deflagrada pelos Estados Unidos”. Também participaram do encontro o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Ratinho Junior (PSC-PR).

Com informações da Agência Brasil