Temendo crise longa, governo fala em ‘blindar’ Brasil ante perigo externo
Dilma acredita que país tem condição de reduzir impacto da instabilidade internacional
Publicado 16/08/2011 - 17h41
Guido Mantega, ministro da Fazenda, segue de perto a crise financeira mundial (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agência Brasil)
São Paulo – Membros do primeiro escalão do governo federal reconheceram, nesta terça-feira (16), que a crise econômica internacional pode se prolongar, mas que o Brasil pode evitar os principais efeitos da instabilidade. A presidenta Dilma Rousseff afirmou que o país não está imune, mas acredita que é possível “blindar” a economia nacional.
“Podemos, cada vez mais, nos blindar e fazer com que nosso processo de crescimento signifique necessariamente um processo de elevação da nossa atividade econômica e do número de empregos”, disse ao anunciar a expansão da Rede Federal de Educação Superior e Profissional Tecnológica, em Brasília. A aposta é de que os investidores confiam no desempenho do país por fatores como o volume de reservas internacionais e pela regulamentação do sistema financeiro.
Na prática, o governo adota, desde o fim de 2010, medidas “macroprudenciais” para conter a expansão do crédito. Adotada com o intuito de conter a inflação, caso haja um esfriamento excessivo da economia brasileira, o governo poderia reverter a decisão, liberando mais recursos para os bancos usarem em empréstimos às empresas e às famílias.
“Temos de ter a consciência do que significamos hoje em um mundo com baixas oportunidades, que enfrenta turbulências que vão desde a revolta de jovens nas ruas até problemas sérios em sistemas financeiros e fiscais. Eles (os investidores) sabem que o Brasil tem baixo risco de contágio. O mundo não desconhece nossa situação”, disse Dilma.
A preocupação também foi expressa pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao presidente da Comisssão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). Segundo o senador, a administração federal trabalha com o cenário de uma crise econômica mundial de longa duração. Países da União Europeia podem aplicar medidas recessivas – cortes de gastos públicos, incluindo programas sociais e aposentadorias, prolongando o período sem crescimento econômico – para lidar com a crise da dívida pública.
Equipe econômica no Congresso
Mantega deve comparecer ao Senado na próxima terça-feira (23) para participar da abertura de um ciclo de debates sobre a crise econômica internacional promovido pela CAE. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, também participará dos debates.
Outro nome central na definição da política econômica do governo, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, recebeu parlamentares nesta terça. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela (MG), disse que Tombini mostrou-se otimista com a trajetória da inflação e com o atual nível de emprego.
A assessoria de imprensa do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) informou que a reunião “restringiu-se a uma exposição feita por técnicos do banco sobre a situação econômica do país diante da crise deflagrada pelos Estados Unidos”. Também participaram do encontro o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Ratinho Junior (PSC-PR).
Com informações da Agência Brasil