PM inicia ofensiva para evitar bailes funk nas ruas da grande São Paulo

Ideia é posicionar viaturas em pontos onde os 'pancadões' ocorrem. Prefeitura da capital estuda oferta de alternativas de diversão para os jovens e critica repressão

São Paulo – A Polícia Militar (PM) irá ocupar preventivamente ruas em que ocorrem bailes funk nos bairros da periferia de São Paulo e região metropolitana, os chamados “pancadões”. A nova estratégia vem sendo adotada desde o último fim de semana. Viaturas da Força Tática se posicionaram em 114 locais – 70 na capital e 44 na grande São Paulo – antes que os bailes começassem e impediram a aglomeração do público, normalmente de maioria jovem. Ao todo, 300 pontos já teriam sido mapeadas e receberão o mesmo tipo de operação nas próximos fins de semana.

Para o comando da PM, os bailes, que podem reunir mais de 300 pessoas, ocorrem de maneira totalmente irregular. “Eles ocupam o espaço público na rua, param o carro, a pessoa liga o som potente. Se for próximo a estabelecimento comercial, tem venda de bebida alcoólica, consumo de drogas, bagunça e a situação fica incontrolável”, afirmou ontem (18) o Comandante Geral da PM, Coronel Benedito Meira.

“Se eu espero acontecer o pancadão e vou tentar intervir, aí sim sai pancada mesmo. Sai atrito, conflito e aí há a necessidade de intervenção com munição química. Por isso estamos tentando identificar os principais pontos ou aqueles que têm uma frequência maior e ocupar os espaços antes”, afirma Meira.

Segundo o comando da PM, a “pertubação da ordem” está entre as principais reclamações da população. No último fim de semana, em função da operação preventiva, as chamadas para o 190 nesse tipo de ocorrência tiveram redução de 20% em relação ao fim de semana anterior, caindo de 3.200 para 2.600, segundo Meira.

Cultura e perturbação

Na capital, os policiais poderão atuar na contenção aos bailes funk dentro das atividades delegadas pela prefeitura à PM, como a fiscalização do cumprimento da lei do silêncio e a existência de alvará de funcionamento.

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou ontem (18), após assinatura de ampliação do convênio da Operação Delegada, que se trata de uma questão “delicada” por envolver jovens e acesso à cultura.

Segundo o prefeito, um plano de trabalho está sendo traçado entre a Secretaria de Segurança Pública e a prefeitura. A intenção seria encontrar espaços para os eventos, inclusive com a utilização de prédios públicos ociosos durante a noite. Para Haddad, isso possibilitaria aos jovens diversão de “maneira saudável, longe do crime, longe da droga”.

“É evidente que a lei tem de ser cumprida, mas a maneira eficaz de cumprir a lei não é simplesmente reprimindo”, afirmou Haddad. “A juventude está pedindo acesso à cultura à noite. Muitos deles trabalham durante o dia, não têm outro momento de se divertir, encontrar os amigos. Agora, há maneiras próprias de se fazer isso. Mas o poder público tem que oferecer essas alternativas.”

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