Criminalidade cresce 28% na região de Altamira, no Pará

São Paulo – As obras da Usina de Belo Monte devem aumentar a criminalidade na região de Altamira (PA), a 770 quilômetros de Belém, segundo o superintendente regional da Polícia […]

São Paulo – As obras da Usina de Belo Monte devem aumentar a criminalidade na região de Altamira (PA), a 770 quilômetros de Belém, segundo o superintendente regional da Polícia Civil no Xingu, delegado Cristiano Nascimento. A violência teve um aumento de 28% em relação a 2010 na região, e Nascimento acredita que em 2012 vai haver nova elevação. “A criminalidade ainda não se instaurou, as obras começaram agora, as empresas ainda estão se instalando agora”, pondera o delegado.

Para a coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antonia Melo, esse índice já em alta reflete a falta de investimento nas condicionalidades prometidas pelo governo federal por conta das obras da usina. Por isso, era esperado esse tipo de consequências.

Antonia aponta que a superintendencia da polícia civil do estado no Xingu tinha carência de pessoal para atender às demandas de Altamira e de mais nove municípios próximos antes da intervenção. Com a chegada dos funcionários da obra, o cenário tende a se agravar pela nova demanda.

“Houve um aumento populacional (com a chegada dos operários) e, com ele, não veio o investimento na infraestrutura; a região está um caos. Não há pessoal suficiente na área de segurança, a saúde está precária”, denuncia a ativista.

Na área de segurança, o delegado Nascimento aponta que hoje seria necessário o dobro do efetivo policial para combater a criminalidade de forma satisfatória. O governo do Pará já assinalou a abertura de concursos para a contratação de mais pessoal e os editais devem ser lançados até o final de setembro.

A empresa responsável pela construção da usina, Norte Energia assinou um acordo com o governo de cerca de R$ 174 milhões para investimentos em segurança. “Não temos ainda viaturas novas, os prédios ainda são os mesmos, mas já há projetos para o início da reestruturação”, explica Nascimento.

Antonia ainda chama a atenção para outros problemas que as obras estariam causando na região, como o desemprego e a especulação imobiliária. “As pessoas não estão conseguindo mais pagar o aluguel”, diz. Para ela o início das obras sem as condicionantes é uma irresponsabilidade do governo. “Sobrou para a gente a violência, o aumento do desemprego e nada foi melhorado”, lamentou.