PM abre inquérito para investigar excessos de policiais em protesto contra aumento da tarifa de ônibus em São Paulo
Ação policial do dia 17 de fevereiro em frente à prefeitura está sendo analisada
Publicado 17/03/2011 - 16h01
Força Tática em ação contra os manifestantes no dia 17 de fevereiro (Foto: Jéssica Santos de Souza/RBA)
São Paulo – O Comando de Policiamento da região central de São Paulo abriu inquérito para investigar a violenta reação da Polícia Militar (PM) contra manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de ônibus em 17 de fevereiro, em frente à prefeitura.
Seis manifestantes ficaram acorrentados nas catracas da entrada da sede da administração municipal, e o prédio ficou cercado pela PM durante a tarde. No começo da noite, as grades de isolamento caíram, segundo a PM, por ação dos manifestantes, e a repressão policial se iniciou. Os manifestantes alegam que o fato foi acidenta.
Manifestantes foram atingidos por balas de borracha ou por bombas de gás lacrimogênio. Três vereadores do PT – Antônio Donato, José Américo e Juliana Cardoso – foram alvejados por sprays de pimenta e agredidos por cassetetes ao tentar conversar com o comandante da operação policial.
O assistente social Vinícius Figueira foi detido durante a confusão. Há imagens gravadas mostrando agressões por parte dos agentes policiais contra ele. Por causa de ferimentos, Vinícius, que teve escoriações múltiplas e o nariz fraturado, foi encaminhado ao hospital e passou por cirurgia.
No dia seguinte, a PM divulgou comunicado justificando que a violência foi necessária para restabelecer a ordem. “Houve a quebra da ordem. Eles incitaram contra a Polícia Militar, quebraram o alambrado, quiseram invadir a prefeitura. Jogaram rojão e pedra contra a prefeitura”, afirmou o capitão Amarildo Garcia, que comandava a operação.
Segundo João Victor Pavesi de Oliveira, membro do DCE Livre da Universidade de São Paulo (USP) e um dos representantes do comitê contra o reajuste, cinco pessoas já foram chamadas a depor no inquérito, quatro ligadas ao movimento pela redução do preço da passagem e o vereador Antônio Donato (PT). O parlamentar não foi localizado pela Rede Brasil Atual.
O movimento não quis divulgar o nome de todos os intimados, por temer represália policial. De acordo com João Victor, todas as pessoas que estavam dentro da prefeitura no dia, mais os vereadores e os manifestantes que abriram boletim de ocorrência contra a polícia, foram intimadas para testemunhar.
De acordo com a PM, foi instaurado o inquérito número CPAM1-001/22/11. “O inquérito está em andamento e após o seu encerramento será remetido à Justiça Militar”, informa a corporação, por meio de nota à imprensa.
Membros do comitê contra o aumento da tarifa disseram creditar que houve excessos dos policiais e que os fatos têm de ser investigados para evitar que outras manifestações sejam reprimidas da mesma forma.
“Os protestos contra o aumento da passagem de ônibus são legítimos dentro do estado de direito. O aparato militar do estado vem, há tempos, quebrando com isso, violando direitos humanos”, defendeu o movimento, em nota.
- PM abre inquérito para investigar excessos de policiais em protesto contra aumento da tarifa de ônibus em São Paulo
- Contra aumento da tarifa do ônibus, ativistas protestam diante da casa do prefeito de São Paulo
- Ativistas contra alta do ônibus acusam prefeitura de SP de ‘fugir’ do diálogo
- Após acordo com subprefeitura, manifestantes liberam avenida na zona sul de São Paulo
- Manifestantes contra o aumento da tarifa chamam a atenção na avenida Paulista
- SP: aumento de tarifa de ônibus será discutido na Câmara
- Manifestações contra alta de ônibus prometem parar Salvador nesta 2ª
- Secretário adjunto dos transportes de São Paulo diz que aumento de tarifa foi ‘decisão política’
- ‘Ação da polícia foi absurda, arbitrária e covarde’, diz vereadora agredida em SP
- Movimento não descarta reunião com secretário, mas cobra presença de Kassab
- Protesto contra aumento de tarifa de ônibus em São Paulo é reprimido
- Para associação, congestionamentos encarecem tarifa de ônibus em São Paulo em até 30%