Novo parque vai exigir a retirada de 3 mil famílias de bairros da zona leste, diz prefeitura de SP

Secretaria Municipal de Habitação rebate denúncias de moradores do Jardim Romano e reafirma que haverá retirada de famílias para a construção do parque linear Várzeas do Tietê

São Paulo – A construção do Parque Linear Várzeas do Tietê vai exigir a retirada de cerca de 3 mil famílias, estima a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo (Sehab).

Um parque linear, segundo definição da prefeitura paulistana, é projetado para recuperar a vegetação de uma determinada região. Ele nasce a partir do curso de um córrego (no caso, de um rio, o Tietê)  ou fundo de um vale. As faixas ao longo das margens são cobertas por jardins e árvores e, em seguida, são construídas áreas de lazer

A Sehab aponta que os moradores de sete bairros da zona leste da cidade atingidos por enchentes em dezembro e janeiro, com residências regularizadas, serão indenizados, em caso de remoção.

De acordo com o órgão, o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) assinou decreto de desapropriação de oito terrenos na zona leste para abrigar mais de 3 mil famílias da região.

A primeira obra do parque, a construção de um dique no Jardim Romano, já está em andamento, mas segundo a Sehab ainda não está definido o número exato de famílias que terão de ser retiradas e o início dos reassentamentos. “Isso porque está em estudo o mapeamento, a fim de remover o mínimo possível de pessoas”, afirma o órgão, em nota.

A retirada de famílias de outros bairros também não está definida porque “dependem do cronograma da obra do parque”, de responsabilidade do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), ainda segundo a nota oficial.

A reportagem da Rede Brasil Atual procurou o DAEE, mas o órgão não respondeu até a manhã da quarta-feira (9).

Jardim Romano

A Sehab afirma que “todas as áreas nas proximidades do local de construção do dique são ocupações irregulares, o que significa que os ocupantes não são os proprietários, portanto, não cabe desapropriação”. Mas, a prefeitura está avaliando as benfeitorias das casas segundo seus próprios critérios, explica a assessoria de imprensa da Sehab.

As famílias que terão de ser reassentadas poderão optar aceitar o valor avaliado ou receber Auxílio-aluguel até receberem as unidades habitacionais definitivas, que serão construídas nos oito terrenos da região. “O Auxílio-aluguel é prorrogável até a solução habitacional definitiva, durante o tempo que for necessário”, cita a Sehab. 

Pressão psicológica

Em conjunto com a Sehab, a empresa Diagonal, acusada por moradores do Jardim Romano, de exercer pressão psicológica (para que as famílias se retirem do bairro), afirma que “a equipe da Diagonal Urbana trabalha nas urbanizações de várias favelas da cidade, com mais de 15 anos de experiência apenas com a Prefeitura da Cidade”.

A nota da Sehab sugere ainda que acusações de pressão psicológica podem significar que os moradores receberam “um alerta que eles rejeitam ouvir”.