Movimentos protestam contra proposta de cotas de Alckmin para universidades

Movimentos sociais pró-cotas acreditam que sistema proposto pelo governo, que prevê curso preparatório, cria faculdades de 'terceiro escalão'. Ato será quarta-feira, no Largo São Francisco

Movimento divulga ato contra proposta discriminatória de Alckmin nas redes sociais (detalhe)

São Paulo – A Frente de Luta Pró-Cotas vai realizar nesta quinta-feira (28), a partir das 18h, ato contra o sistema de cotas nas universidades estaduais paulistas proposto pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para alunos provenientes de escolas públicas. O protesto será realizado em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, no centro da capital. A proposta prevê que metade das vagas da USP, Unicamp e Unesp seja destinada a estudantes que fizerem curso preparatório à distância por dois anos, semelhante ao que, em países como Estados Unidos, é conhecido como College.

Para lideranças de movimentos negros, sociais e estudantis, um curso preparatório nesses moldes cria uma discriminação negativa, porque parte da premissa que os estudantes de escolas públicas não conseguiriam acompanhar as aulas dos cursos universitários. “Essa proposta cria uma universidade de terceiro escalão, de terceira importância. Nós queremos acesso à USP, Unesp, Unicamp, não isso. Não é a isso que os negros, os pobres têm direito”, critica Douglas Belchior, coordenador da Uneafro, uma das entidades organizadoras do ato.

“Nós iremos trabalhar em três frentes contra esse projeto elitista e preconceituoso do governo Alckmin: mobilização de rua, na articulação com as universidades, e para que isso (cotas) seja uma lei de estado, não um programa”, aponta Belchior.

Diversas correntes dos movimentos social, estudantil e negro defendem o sistema de cotas descrito no Projeto de Lei 530, que tramita na Assembleia Legislativa desde 2004. Nesse sistema, 50% das vagas nas universidades do estado seriam destinadas a estudantes de escolas públicas, sendo 30% delas para estudantes negros. Mas não haveria necessidade de cursos preparatórios. Os pró-cotistas argumentam que uma série de pesquisas tem demostrado que o desempenho dos alunos contemplados com cotas é igual ou superior aos demais.

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