‘Documentos comprovam que Rubens Paiva foi covardemente assassinado’, diz Tarso Genro

Porto Alegre – O governador Tarso Genro anunciou hoje (23) que irá encaminhar os documentos que estão em posse da Polícia Civil gaúcha e que comprovam, segundo ele, o assassinato do […]

Porto Alegre – O governador Tarso Genro anunciou hoje (23) que irá encaminhar os documentos que estão em posse da Polícia Civil gaúcha e que comprovam, segundo ele, o assassinato do ex-deputado federal Rubens Paiva por agentes da ditadura (1964-85). Tarso disse que irá entregar o material à Comissão Estadual da Verdade na próxima semana e que o conteúdo será levado à Comissão Nacional da Verdade, que investiga os crimes cometidos no período de exceção.

Na presença da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS), o ex-ministro da Justiça recordou o começo das discussões no governo federal sobre a necessidade de revisão da Lei de Anistia, que perdoou os torturadores do regime. “Um dos casos que não saía da nossa cabeça era a afirmativa permanente feita pela família, pelos presos políticos e pela oposição ao regime militar de que o deputado Rubens Paiva tinha sido assassinado”, falou Tarso.

Os documentos encontrados pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul estavam na casa do coronel da reserva Julio Miguel Molinas Dias, que foi assassinado na frente de sua residência, no bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre, no último dia 1º de novembro. No material, existe a comprovação da passagem do ex-deputado no Departamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), no Rio de Janeiro. “Os documentos comprovam que Rubens Paiva foi covardemente assassinado”, disse o governador Tarso Genro.

Rubens Paiva, que fora deputado pelo PTB, cassado pelo regime militar dez dias após o golpe de 1964, desapareceu na capital fluminense em janeiro de 1971. Depoimentos já davam conta de que agentes da Aeronáutica o levaram para a sede do DOI-CODI no Rio de Janeiro, mas nunca havia aparecido nenhum documento oficial que confluísse com os depoimentos.

A reunião formal de entrega dos documentos à Comissão Estadual da Verdade ocorrerá na próxima semana na presença do governador Tarso Genro e dos secretários da Casa Civil, Carlos Pestana e de Segurança Pública, Airton Michels. Conforme o governador, outros documentos relacionados à ditadura militar que estejam sob a guarda das instituições gaúchas poderão ser revelados com o trabalho da Comissão Estadual da Verdade.