Movimentos promovem debate na Praça da Sé durante julgamento do coronel Ustra

Na terça (14), TJ-SP decide se mantém a condenação ao ex-comandante do DOI-Codi por tortura e sequestro

São Paulo – Na próxima terça (14), o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra voltará aos bancos dos réus. Na ocasião, os desembargadores da 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo vão analisar o recurso do ex-comandante do DOI-Codi paulista. Ustra foi condenado há quatro anos, pelo juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível, que o responsabilizou pelas torturas que a família Teles sofreu no início da década de 1970. Será a segunda audiência para analisar o recurso. Em maio deste ano, o julgamento foi adiado pelos desembargadores após a defesa de Fábio Konder Comparato, que representa a família Teles na ação, movida em 2006.

No ano de 1972, o casal Maria Amélia Teles e César Teles foi preso pelos militares. Os dois filhos, Janaína e Édson, que tinham 4 e 5 anos, foram mantidos encarcerados na sede do DOI-Codi, enquanto os pais eram torturados. Ali, também estava Criméia de Almeida, irmã do patriarca da família, que relatou os abusos e o comandante das sessões de tortura, o coronel da reserva Carlos Brilhante Ustra. Mesmo grávida de 8 meses, Criméia não foi poupada dos choques e espancamentos. Ustra é o primeiro e único oficial do Exército brasileiro condenado pela Justiça em um processo movido por sequestro e tortura na ditadura militar.

No dia do julgamento, movimentos e coletivos organizam um ato e debate na Praça da Sé, com transmissão pela internet, às 12h. A mesa será formada por Márcio Sotelo Felippe (do Comitê pela Memória, Verdade e Justiça), Pedro Estevam Serrano (prodessor de Direito Constitucional da PUC), Expedito Solaney (secretário nacional de Políticas Sociais da CUT), Lúcio França (da Comissão dos Direitos Humanos da OAB) e José Camargo (presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo).