Para antropóloga, movimentos como 15-O constroem novas relações políticas e culturais

A antropóloga Rita Alves durante aula ao ar livre no centro de São Paulo, em espaço ocupado por jovens contra o sistema (Fotos: Danilo Ramos) São Paulo – Acampados sob […]

A antropóloga Rita Alves durante aula ao ar livre no centro de São Paulo, em espaço ocupado por jovens contra o sistema (Fotos: Danilo Ramos)

São Paulo – Acampados sob o Viaduto do Chá desde o último dia 15, manifestantes do 15-O São Paulo receberam a professora de Antropologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Rita Alves, que teve a ideia de ministrar uma aula ao ar livre, instigada com o movimento de ocupação daquele espaço público, na região central da cidade. A aula foi dada na quinta-feira (21) pela manhã. À noite, a antropóloga conversou com os presentes. “Eu fiquei instigada e incomodada com essa movimentação mundial, então fiquei angustiada em voltar para a sala de aula como se nada tivesse acontecido”, contou a professora.

Para ela, o mais interessante é a passagem da cultura de massa para a cultura de redes, a maneira como foi organizado o movimento. Rita acredita que a ocupação e a apropriação de espaços públicos são fundamentais, pois no mundo contemporâneo eles transformaram-se apenas em vias de passagem e não de relação entre as pessoas.debate

A antropológa vê com esperança o intuito do movimento, pois, segundo ela, é dessa forma que se constroem novas relações e tentativas de reinventar a política e a cultura de um país e do mundo. “Isso é a junção de várias vozes, vários movimentos com relação pautada na centralidade e na horizontalidade”, destacou Rita.

O grupo autointitulado de Ocupa Sampa é uma extensão das manifestações mundiais do chamado 15-O, que em 15 de outubro (daí o nome do movimento) tomaram as praças e ruas, inspirados nos “indignados” espanhóis e na ocupação de Wall Street, centro financeiro dos Estados Unidos – para protestar contra o atual sistema político, social e econômico global.

“O chamado internacional foi o estopim para nós nos indignarmos com as questões locais, habitação, saúde e educação, que o Estado brasileiro deixou de servir com qualidade. As assembleias não são deliberativas, portanto há espaço para todos falarem. Não dá mais para continuarmos calados, dormindo, como se nada acontecesse”, afirma Jeff Anderson, um dos responsáveis pela comunicação do movimento.ocupação

A ocupação também contou com outros convidados. Entre eles, estavam a antropóloga americana Biella Coleman, que participou das recentes ocupações populares de Wall Street, nos Estados Unidos. Também participou a professora britânica de economia Alisson Powel, uma das manifestantes que ocuparam as ruas de Londres, em agosto, para protestar contra o desemprego e a falta de oportunidades para os jovens.

 

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