Rosário: votar a favor da Comissão da Verdade é votar em nome da história

São Paulo – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, afirmou em audiência pública na segunda-feira (29), na Assembleia Legislativa de São Paulo, que os […]

São Paulo – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, afirmou em audiência pública na segunda-feira (29), na Assembleia Legislativa de São Paulo, que os parlamentares que votarem a favor da criação da Comissão da Verdade “estarão votando pela história do Brasil, para o presente e para o futuro.”

Para a ministra, os deputados tomaram direção positiva em relação aos textos que criam a Comissão da Verdade. “A Câmara também foi atingida no período da ditadura, com vários parlamentares cassados”, lembrou. Para ela, não há nenhum sinal de revanchismo na tentativa pela via democrática para instalar a comissão.

Maria do Rosário exaltou a necessidade de o Brasil formar um grupo de debate sobre as questões deixadas sem respostas durante o período em que os militares estiveram no comando do país. A ministra considerou que o tema não é somente do Estado, mas de toda a sociedade civil. “Só com a mobilização de toda a sociedade atuaremos fortemente para conseguirmos um instrumento mais amplo, que vai levar aos fatos e às circunstâncias”, pontuou.

Em discurso acalorado, Rosário afirmou que a Secretaria de Direitos Humanos continuará as buscas dos desaparecidos políticos, muitos dos quais ainda não tiveram as circunstâncias de seu desaparecimento desvendadas, nem os corpos encontrados. “Onde estão esses estudantes e trabalhadores? Boa parte deles nós continuamos buscando no cemitérios de Vila Formosa (em São Paulo) e na casa da morte de Petrópolis (RJ). 

Ela criticou e considerou “inaceitável” que uma página oficial do governo de São Paulo tenha publicado uma comemoração pela deposição de um presidente eleito e relacionar o golpe ao termo “revolução”. A ministra referia-se à página da Rota Ostensiva Tobias Aguiar (Rota, o batalhão de choque da Polícia Militar paulista, cujo site sinaliza apoio ao golpe militar de 1964).

Após um ano de negociações e concessões, representantes dos ministérios da Justiça e da Defesa, duas das pastas diretamente envolvidas com o tema indicaram, nas últimas semanas, ser uma questão de detalhes para que o texto seja avaliado no plenário da Câmara dos Deputados, onde aguarda a inclusão na pauta de votação.

Na última quinta-feira (25), o assessor especial do ministro da Defesa, José Genoino, indicou que as conversas são para que se vote o texto “o quanto antes e do jeito que está”. Desde que Celso Amorim assumiu a vaga de Nelson Jobim – que se demitiu no início de agosto e que sempre se posicionou francamente contrário à Comissão da Verdade -, cresceu a expectativa de defensores da aprovação da comissão de que o projeto seria discutido pelos parlamentares.

Leia também

Últimas notícias