Capes critica baixo investimento privado em inovação tecnológica

Presidente do órgão vê acesso difícil a recursos de patentes pelo padrão de industrialização

Avanço tecnológico do país depende de investimentos públicos e privados (Foto: Gerardo Lazzari/RBA/Arquivo)

São Paulo – O nível de investimento do setor empresarial brasileiro em pesquisas de inovação tecnológica foi taxado de “mínimo e ridiculamente baixo”, pelo presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o bioquímico Jorge Almeida Guimarães. A avaliação foi feita durante reunião na 63ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que vai até esta sexta-feira (15), em Goiânia.

Guimarães mostrou, em sua exposição, que a principal fonte de inovação na economia moderna são as patentes obtidas pelas indústrias. Mas o padrão de industrialização brasileiro faz com que as empresas nacionais não tenham esse recurso.

“Nossas empresas não fazem patentes, porque a nossa indústria não é nossa ou porque ainda vemos grande parte das estruturas ligadas à família dos empresários”, assinala. “Quando morre o patriarca, os herdeiros querem o dinheiro para viver a vida. Por isso, o investimento é muito pequeno.”

As patentes asseguram faturamento às empresas além da comercialização direta dos produtos. O dinheiro também remunera inventores e laboratórios de desenvolvimento. Por essa razão, nas principais economias do mundo, o investimento da iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento costuma ser muito maior que o do Estado.

Segundo o portal Desenvolvimento Sustentável, dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) indicam que as empresas nos Estados Unidos investem um valor correspondente a 1,86% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ante 0,75% do governo. Na Coreia do Sul, o equivalente a 2,46% do PIB é proveniente da iniciativa privada e 0,86%, do Estado. No Japão, a distância é maior: 2,68% de empresas ante 0,54%, do setor público. Os investimentos do governo do Japão são proporcionalmente iguais ao do Brasil, mas a iniciativa privada no país só investe 0,57%.

Atrasado

O cientista reclama ainda dos limites impostos pela legislação brasileira para o patenteamento de produtos da biotecnologia, como os fármacos. “A principal área de inovação no mundo é biotecnológica e nós estamos impedidos de patentear qualquer produto que tenha origem na natureza, entre eles os micro-organismos. Mas os micro-organismow são a grande fonte para desenvolvimento de antibióticos. Ao proibir a patente de produtos como esses, estamos favorecendo a biopirataria e permitindo que outros países façam (os medicamentos)”

Cerca de 90% dos fármacos que o Brasil consome são onerados por conta da importação de matérias-primas e as obrigações comerciais com as patentes estrangeiras.

Com informações do portal Sociedade Sustentável