Brasil terá supercomputador mais rápido da América Latina

Doado por universidade da Suíca, supercomputador batizado de 14 BIS-21 equivale a alguns milhares de computadores comuns atuando em rede, capaz de realizar 1 trilhão de operações por segundo

Jugene, também da IBM, similar ao que o Brasil receberá, é um dos supercomputadores mais velozes da Europa, com poder equivalente a 50 mil computadores domésticos (Imagem/IBM)

O Brasil terá mais um supercomputador na lista dos 500 mais potentes do mundo graças à doação da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), Suíça, a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), organização brasileira presidida pelo neurocientista Miguel Nicolelis, já entrevistado pela Revista do Brasil.

A máquina, um BlueGene/L, da IBM, com capacidade de 22 teraflops (um teraflop equivale a um trilhão de operações por segundo), terá investimento do governo federal e passará a ser a mais rápida da América Latina e uma das mais rápidas do hemisfério sul (número 111º no ranking dos 500 mais potentes). Nessa configuração final, o 14 BIS-21, como já foi batizado, será constituído por 16.384 microprocessadores e terá capacidade de 46 teraflops.

Além das pesquisas do Campus do Cérebro, o novo aparato tecnológico que custa R$ 20 milhões ajudará estudos em outras áreas do conhecimento, uma vez que além de processar e analisar informações em tempo real da atividade elétrica, magnética e metabólica do cérebro humano, é capaz de simular e analisar modelos climáticos; realizar a análise estatística de grandes bancos de dados genômicos, proteômicos e metabolômicos; efetuar a análise geológica para prospecção de petróleo; realizar a modelagem matemática em biologia molecular, genética, física de alta energia e química; e ainda poderá servir para o desenvolvimento de uma plataforma computacional voltada para a educação científica.

O supercomputador será instalado no Campus do Cérebro, em Macaíba, Rio Grande do Norte. Antes, no entanto, precisa ser transferido para o Brasil, já que pesa duas toneladas e precisa ser transportado ligado. O Ministério da Educação vai arcar com os custos de instalação da nova infraestrutura para receber a máquina.

Miguel Nicolelis informou que poucos países do mundo têm o mesmo equipamento. “O supercomputador também poderá ser utilizado por outras universidades, institutos federais e mesmo escolas da educação básica, para pesquisas e simulações em matemática, física e outras disciplinas”, afirmou.

O neurocientista explicou que o computador vem acompanhado de softwares que permitem o treinamento de pessoas na operação de modelos como este. “A proposta é que alguns operadores também possam ir à Suíça estudar o funcionamento de outros supercomputadores”, ressaltou.

O campus do cérebro é especializado em neurociências, com ênfase em educação. O instituto atraiu docentes até mesmo do exterior. Dos 12 que atuam lá, seis são estrangeiros. O investimento do governo federal no campus já chegou a cerca de R$ 100 milhões, fora o aporte de recursos do governo do Rio Grande do Norte e de doações de outras instituições de pesquisa.

Com informações da Agência Brasil e MEC